12 dezembro 2006

´s wonderful!

'S wonderful! 'S marvelous!
You should care for me!
'S awful nice! 'S paradise!
'S what I love to see!

You've made my life so glamorous
You can't blame me for feeling amorous
Oh! 'S wonderful! 'S marvelous!
That you should care for me!

'S wonderful! 'S marvelous!
That you should care for me!
'S awful nice! 'S paradise!
'S what I love to see!

My dear, it's four-leaf clover time
From now on my heart's working overtime
Oh! 'S wonderful! 'S marvelous!
That you should care for me!

__________

achava que não gostava da Diana Krall, até me oferecerem um CD que ouvi num misto de curiosidade e renitência (aka mau-feitio!). rendi-me às evidências e até já comprei um segundo CD da senhora, prova de que, ao menos, sei ceder :)
como diz alguém de quem eu gosto muito: A Diana é a máior!

11 dezembro 2006

Fácil de entender II

A outra parte do meu presente: o concerto!!! Último bilhete disponível na ticketline. Lucky girl! Foi o terceiro concerto dos The Gift que vi, e nem por isso foi menos apreciado :) Feito na linha do DVD, com a mesma cenografia, o mesmo guarda-roupa, o coro, a harpa, o trompete. A mesma demarcação rigorosa de estilos - o lado AM, de ritmo mais lento, e o lado FM, mais electrónico. As minhas músicas! 1977, me, myself and i, ok! (do you want something simple?), you know, 11:33. Primeira parte sentada, segunda parte em pé a dançar. plateia em pé. Fácil de entender cantado por um coro afinadíssimo. Duas vezes! Encore que incluiu absolute beginners, do David Bowie. Esmagador.

07 dezembro 2006

Fácil de entender

Eu estrago-me e tenho noção disso :) mas como é que poderia resistir??? é cor-de-rosa-choque e tem borboletas!!!!! não é a minha cara? :) e é de uma das minhas bandas preferidas. muitos e bons motivos, portanto. fácil de entender, não é? :D


Edição especial, com dois CDs e um DVD. ainda não a degustei convenientemente, mas estou a tratar disso. e como brinde, porque mimos nunca são demais, um bilhete para o concerto, este sábado, no CCB!

04 dezembro 2006

Naifa!

Envolvente, mágico, melodioso, harmónico, alegre.
Energia contagiante. Ritmo. Luzes quentes.
Foco único sobre a vocalista, gola de pêlo.
Palco negro, presenças discretas.
Performances excepcionais.
Letras inteligentes.
Letras que mexem com as minhas emoções.
As letras que eu tinha na ponta da língua.
Diálogo entre a guitarra portuguesa e o baixo.
Varatojo charmoso e Aguardela ....... :)
A lindíssima voz da Maria Antónia Mendes.
Versões de outros artistas.
A desfolhada, a tourada, a subida aos céus.
Público ao rubro. Palmas.
Grande concerto d'A Naifa, no dia 1.

30 novembro 2006

If you try walking in my shoes...

O título deste post é parte do refrão de uma música dos Depeche Mode. Deparo-me frequentemente com demonstrações de crueldade que não consigo entender muito bem. Pessoas que se gostam e se respeitam e que, mesmo assim, não conseguem perceber que ser amigo nem sempre é «contar tudo um ao outro», porque a nossa felicidade, descrita ao pormenor, pode ser ofensiva ou penosa para alguém menos bem. Não que o/a amigo/a nos queira mal, mas a felicidade alheia é tanto mais apreciada quanto a nossa própria felicidade está assegurada. Um bocadinho de moderação não fica mal a ninguém... e, em caso de dúvida, basta colocarmo-nos na pele do outro. Se estivéssemos mal por algum motivo, quereríamos mesmo saber todos os pormenores da última conquista de alguém que nos é próximo, ou basta-nos saber que essa pessoa está bem e satisfeita?

28 novembro 2006

Menino do bairro negro

Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar

Menino sem condição
Irmão de todos os nús
Tira os olhos do chão
Vem ver a luz

Menino do mal trajar
Um novo dia lá vem
Só quem souber cantar
Virá também

Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego

Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção

Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar

Se até da gosto cantar
Se toda a terra sorri
Quem te não há-de amar
Menino a ti

Se não é fúria a razão
Se toda a gente quiser
Um dia hás-de aprender
Haja o que houver

Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego

Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção

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A minha playlist de hoje é só Mariza. Esta fantástica interpretação do poema do Zeca Afonso arrepia. É brutal.

23 novembro 2006

Mesmo bom!

Sabe bem falar com amigos com quem não se fala há muito tempo. Prova, se preciso fosse, que quem é nosso, é nosso sempre, independentemente da distância física e do tempo que corre entre cada contacto. Porque os afectos são intemporais e muitas vezes, imensuráveis. E porque gostar de alguém, é acima de tudo, respeitar ritmos.

22 novembro 2006

...

You touched my heart you touched my soul.
You changed my life and all my goals.
And love is blind and that I knew when,
My heart was blinded by you.
I've kissed your lips and held your head.
Shared your dreams and shared your bed.
I know you well, I know your smell.
I've been addicted to you.

_______

James Blunt

memórias musicais

Há canções que ficam ligadas a eventos especiais ou a fases da nossa vida. Estava a ouvir uma pasta de mp3 que não ouvia há muito tempo quando dei com algumas pérolas que me fizeram recuar no tempo e viajar nas minhas memórias.
Num Verão muito divertido, fui com uma amiga a Gaia, para ver um concerto dos Lullabye. Acabámos por ver as duas últimas canções apenas, porque entretanto, fomos jantar com outro amigo e a conversa estava tão boa que perdemos a noção do tempo. Como todas as diabinhas têm sorte, a música do encore foi Making me Better, o grande sucesso da banda, na época: marvellous, precious, really fine, fascinating / wonderful, better, beautiful, lovely, it's flowing / stronger, i can see that i've become / wiser, cant't forget the help i've won / (...) / no one can stop me, i'm invincible, unbeatable. Inesquecível!
Num Verão ainda mais recuado, conheci uma pessoa fascinante. Perdi-me. Talvez porque essa fosse das canções mais tocadas na altura, ou porque a letra tivesse mesmo a ver com a pessoa, associei Come Undone, do Robbie Williams à criatura. Não me lembro quando foi que ouvi a canção pela última vez. Até hoje. If I ever hurt you your revenge will be so sweet / Because I'm scum / (...) / If I´d stop lying I'd just disappoint you / I come undone.
Last but not least - Música de dança! OMC, How bizzare. Sardinha Biba, Braga, 1998 ou 1999, pista mais ou menos cheia num sábado à noite. Dançar quase até ao amanhecer. Grandes noites :D


21 novembro 2006

Não negues à partida...

... uma ciência que desconheces! Esta era a frase de promoção de uma dessas videntes de vão-de-escada que, há uns anos, anunciava os seus serviços na televisão. Eu não tenho nada de vidente, nem sou lá muito dada a crendices desse género mas, aqui há dias, andava meio tristonha e recomendaram-me uma mezinha para as más vibes. como no creo en brujas, pero... decidi experimentar. verdade seja dita, fiz um bocadinho de batota :) não cumpri todos os passos da mezinha, mas até acho que resultou! não seria eu, se não a partilhasse com os fiéis do Estrelas, enriquecida com os meus comentários :)

Receita
Encha um copo de água até à beirinha. [teoricamente, a água vai absorver as más energias]
Acenda uma ou mais velas, com fósforos. [não sei por que é que isto dos fósforos é importante, mas quem me deu a receita insistiu imenso neste ponto!]
Pode acender um incenso. [não há «sabores» recomendados na mezinha, mas eu gosto particularmente de incensos de sândalo]
Deixe a(s) vela(s) arder até ao fim.
Deite a água «contaminada» de más vibes na sanita e puxe o autoclismo duas vezes. [aqui foi onde eu fiz batota, porque me pareceu parvoíce desperdiçar um copo de água perfeitamente usável. não o bebi, não fossem as vibes voltar, mas deitei-o numa planta que me pareceu sedenta!]

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Se alguém decidir experimentar a mezinha e estiver para aí virado, trate de partilhar experiências na secção de comentários :)

20 novembro 2006

Memorabilia

Memórias, momentos, passados.
Fotografias, fitas, flores secas.
Frasco, garrafas, rótulos.
Emoções. Sensações.
Meias, anel, colar, lingerie.
Relíquias. Naftalina do tempo.
Programas de teatro. Bilhetes de cinema.
Filme manhoso. Filmes terapêuticos.
As tuas músicas. As minhas.
Concertos memoráveis.
Cartas. Postais. Mails. Logs.
Notinhas marginais em páginas soltas.
Anotações numa agenda.
Os livros. Um diário. Papelinhos.
Encaixotados. Arrumados.
Passados cobertos de pó.
Fechados em compartimentos estanques.

Paris, je t'aime

Mais cinema! Vi Paris je t'aime na sexta-feira. É um filme incomum, composto por várias sequências dirigidas por realizadores diferentes. Isto resulta algo confuso, mas o saldo final é bastante positivo. São visões muito diferentes das relações humanas, na cidade do amor romântico. Algumas das sequências são cómicas, outras meio surreais, outras ainda, comoventes. Destaco três delas: Faubourg Saint-Denis, de Tom Tykwer, Bastille, de Isabel Coixet e Place des Fêtes, de Oliver Schmitz.
Na primeira, somos guiados pela retrospectiva do namoro de dois jovens - ele é francês, estudante e cego, ela é uma aspirante a actriz, americana. Conheceram-se por acaso, viveram um idílio romântico que se foi transformando em normalidade. Ela é intensa, ele é regular. Ele segura-a, ela agita-o. Todas as paixões viram rotina? Aparentemente...
A segunda sequência é avassaladora - a renúncia é sempre assim. Quando ele se preparava para a abandonar, ela revela-lhe que vai morrer. E ele desiste de si e fica, para cuidar dela, acabando por voltar a amá-la, talvez até com com maior intensidade, porque a perda iminente aguça os sentidos.
A última sequência é aparentemente banal - ele foi esfaqueado, ela é socorrista e presta-lhe cuidados. Ela percebe, então, que ele é um dos anónimos com quem já cruzou, que ele reparou nela e que ele até é interessante. A dor dos outros é sempre chocante - a dor física ou a dor emocional. Ele canta. Ela recorda-se da canção. E um sorriso trocado inocentemente ganha uma dimensão nova perante a tragédia da violência sem sentido.
Tenho vontade de ver este filme novamente, de caderninho em punho :) Quanto mais revejo as sequências na minha mente, mais tenho a certeza que me escaparam muitos pormenores dignos de nota.

Out of Africa

Continuam a passar bons filmes! Ontem à noite vi um dos meus filmes preferidos de sempre: Out of Africa, de Sydney Pollack. Já vi este filme tantas vezes que sei de cor pedaços do texto, da sequência das cenas e da banda sonora, mas nem isso lhe tira o encanto. Ainda me emociono sempre nas mesmas partes: o primeiro vôo, a separação de Karen e Denys, o incêndio, o pedido de terras, o poema no funeral e a despedida entre Karen e Farah Aden.
Adoro a fotografia, o sotaque irrepreensível e o cabelo revolto da Meryl Streep, o charme esmagador do Robert Redford, o ar distante-terno-interessado de Malick Bowens. Andei anos atrás da fabulosa banda sonora. Uma das minhas citações preferidas saiu deste filme: Denys pergunta a Karen se pode trazer as suas coisas para casa dela. É a sua forma de lhe dizer que quer viver com ela. Diz-lho durante uma caminhada, a olhar em em frente, quase como se estivesse a falar do tempo. Ela responde-lhe when the gods want to punish you, they answer your prayers, pára repentinamente e abraça-o. Há coisas que não se pedem, mas que sabem que nem ginjas quando acontecem.
Outra das coisas que me encanta neste filme é a conjugação entre a independência das personagens e o amor entre elas. Construir alguma coisa a dois é sempre incrivelmente complicado, mais ainda quando se têm tão presentes os conceitos de liberdade e de espaço individual. A questão nunca é saber se se gosta ou não de determinada pessoa - é mais de saber até que ponto se é capaz de abdicar de rituais, hábitos, ritmos que se têm por certos, em prol de uma construção binária, dependente de outra pessoa... porque gostar é só o princípio.

15 novembro 2006

Bilhetinho de amor

Um amigo meu está a frequentar um curso de escrita - o primeiro trabalho de casa que lhe calhou foi escrever um bilhetinho de amor, destinado a alguém que conhecesse, mas não muito bem. Enviou-me um exemplar de que gostei particularmente e que transcrevo aqui, com a devida permissão :)
Este bilhete devia estar todo branco. Se o mundo fosse perfeito, esse papel nem devia ter existido. No meu mundo perfeito, tu nem precisas que eu te diga o quanto eu te amo. Tu sentes, e me retornas.

Menos é mais :)

Less is more, canta a Joss Stone a propósito de um namorado sufocante. bom, eu não tenho um namorado sufocante, mas tinha listas de contactos enormes - decidi fazer uma limpeza nos contactos de correio electrónico e do messenger e no números da minha agenda do telemóvel.

os resultados são muito animadores :)
  • em 10 ou 12 minutos de caminhada entre o meu trabalho e o Campo Grande, ganhei 30 e tal espaços de memória no telemóvel - prova evidente de que fazer duas ou três coisas ao mesmo tempo tem as suas vantagens. aposto que, se estivesse apenas concentrada na eliminação de números profundamente inúteis, teria eliminado muito menos, a pensar na utilidade futura deste ou daquele número que não marco há mais de duas eternidades.
  • a limpeza do correio electrónico também foi profícua: livrei-me de pessoas que nem sabia quem eram e que estavam na minha agenda por um daqueles defaults parvos do Outlook Express, que presume que todo e qualquer gato pingado que me escreve é meu amigo.
  • no messenger fiz uma coisa mais rebuscada: criei um grupo novo para onde arrastei todas as pessoas com quem nunca falo. estão em período probatório. se não falarmos até ao final do ano... adeus bolachinhas!
agora devia aproveitar o embalo e... arrumar o meu quarto. mais do que isso, deitar tralha fora. tenho ideia de ter para lá papelada a mais, que não me serve de nada mas atulha e que tenho pena de deitar fora, nem que seja porque paguei por ela. e bom mesmo era... pintar, mudar a disposição dos móveis, arranjar espaço para meter todos os meus livros, pendurar coisas novas pelas paredes! fazer uma espécie de extreme makeover ao meu ninho :)

13 novembro 2006

Fonte da Telha

Praia cheia de gente. Família.
Som de mar. Cheiro de mar.
Bola. Encher a bola. Puxar pelo fôlego.
Baldes, pás, ancinhos, peneiras e forminhas.
Caranguejo, peixe, estrela do mar.
Conchas. Areia molhada. Bolos de areia.
Correr na areia. Areia nos pés. Molhar os pés.
Água admiravelmente tépida.
Pôr-do-sol.
Tonalidades de rosa, laranja, roxo, azul, cinzento.
O meu domingo.

sem palavras... com muita saudade.

08 novembro 2006

fora do horário de expediente

Com o final do dia, abre-se a possibilidade de cantar mais e mais alto e com menos probabilidades de ser ouvida durante estes devaneios :) Isto diverte-me e relaxa-me. A esta hora, também trabalho mais e mais concentrada. E desde que haja alguma coisa para petiscar... vive-se bem!
Pratos da tarde: barrinhas, kinder buenos, sopa, chá, banana e iogurte, musicalmente acompanhados por todos os álbuns dos The Gift, a tocar em modo aleatório. Sim, é verdade que me dói a garganta e que falar é um exercício moderadamente penoso. Estranhamente, cantar é muito fácil. E o chá tem poderes insofismáveis!
Temas preferidos do dia, listados em modo aleatório também: 11:33 ; 1977; Butterfly; Music; You know (esta dá-me vontade de saltar); a eterna Ok! do you want something simple?; Me, Myself and I, pela qual me encantei muito recentemente:

You and I know
You and I try
You and I ran
Leaving old stories far behind

And it feels good
And it's so warm
Having those eyes
Playing with me, myself and I...

+ concertos

Algures num fim de semana de Outubro, ofereceram-me bilhetes para o concerto anual do Millenium BCP, no Pavilhão Atlântico: Sara Tavares, Clã e Rui Veloso. Fui curiosa para ver a Sara, que nunca tinha visto e interessada em ver o Rui, que adoro. Gostei das duas actuações: do ritmo doce dela, da experiência dele, das canções que cresceram comigo; gostei especialmente do momento em que o Rui convidou a Sara para o palco e com ela cantou Sodade. Muito bom.

Fui muitíssimo desligada da banda do meio do cartaz, mas.... Surpresa! Como não podia deixar de ser, os Clã foram a grande descoberta do concerto. Não fiquei a gostar muito mais deles, mas deixei-me envolver pela força e garra de palco da banda, pela energia contagiante da Manuela Azevedo, pela forma magistral como ela teve aquele auditório na mão.

Mas nisto o vento sopra doido
E o que foi do corpo num turbilhão
Sopra doido
E o que foi do corpo alado nas asas do turbilhão
Nisto ja nem de ar precisas
Só meras brisas,
Raras
Raras
Raras

ela é liiinda!

É linda, desprentenciosa, sensual, cheia de graça, alegre. Canta com o coração. Encanta. Cantou maioritariamente as canções do novo CD, M'bem di fora, mas houve tempo para revisitar temas de sucesso de trabalhos anteriores. Houve tempo para trazer ao palco Zeca di nha Reinalda, com quem já tinha cantado no Sal, onde a vi pela primeira vez. Cantámos com ela. Dançámos. Autografou o meu CD!
Foi ontem, no concerto da Lura, no Tivoli.

06 novembro 2006

os meus filmes

Nos últimos tempos, tenho cruzado com alguns dos filmes que me marcaram, na programação de vários canais de televisão.

Sábado, à hora a que estava a pensar aterrar, descobri que ia passar o Fight Club na televisão. Sei por que motivo gostei tanto do filme, na época em que o vi no cinema, e confirmei que a magia ainda lá estava. A supresa do homem anónimo comum, aparentemente normal, que precisa de um escape da sua vidinha corriqueira e que tem em si um potencial destrutivo inimaginável. Psicoses. Doenças. Solidão. Fugas. Somos criaturas assustadoras, é o que é.

E por criaturas assustadoras: não fui capaz de rever o 8mm - vi um par de cenas e chegou. Foi uma martelada, quando o vi no cinema. Perturbou-me muito. Detalhes do filme ficaram-me marcados até hoje. Os horrores que se escondem nos recônditos das pessoas que se cruzam connosco nos passeios, no metro, nos corredores dos centros comerciais. E a tentativa de redenção, que é em si um horror... violência que gera violência.

Vi o meio de La Reine Margot. O meu primeiro filme francês. Drama, sangue, política e intriga. Trajes de época. Uma paixão. Morte. História romanceada. Boas cores. Lindíssima Isabelle Adjani.

Cacei um pedaço do Leaving Las Vegas. Filme brutal. Potencial destruidor de cada ser humano, mais uma vez. O mal que conseguimos infligir-nos, conscientemente, como se não tivéssemos alternativa ou escapatória. E o Amor. o Amor desesperado, desesperante, incondicional e feito de aceitação, de reconhecimento do desespero alheio e de vontade de alterar o curso das coisas. O Amor-dádiva. O Amor brutal, o Amor apressado, o Amor sôfrego de aproveitar todos os momentos possíveis. Esplendoroso Amor. Triste Amor. Comovente Amor.

pimbalhices em estrangeiro



Ontem estava a ver o Gato Fedorento. a certa altura, aparece o David Fonseca, no seu ar mais profissional, a cantar uma canção que demorei a reconhecer... até ao refrão: after all there was another. para quem não reconheceu a pérola, é uma versão traduzida da mais famosa canção da Mónica Sintra. cantada com ar sério, por um cantor que nos habituámos a ver como sério, quase pareceu bom. isto prova (se ainda fosse preciso provar alguma coisa...) que nos fartamos de papar pimbalhices alegremente... desde que quem as debite tenha um ar insuspeito, ou cante em estrangeiro :D
E para que não pareça que falo de cor, até deixo um exemplozito, tirado da minha galeria de bandas preferidas da adolescência - Bon Jovi. a meu favor posso apenas dizer que eles eram melhores quando eram mais novinhos: mais hard rock, mas enérgicos e menos foleirotes. ou não. na volta, eu é que era menos exigente. este é o refrão de Thank you for loving me, que um dia traduzi em simultâneo, no autocarro:
Obrigado por me amares
Por seres os meus olhos
Quando não podia ver
Por separares os meus lábios
Quando não podia respirar
Obrigado por me amares
Obrigado por me amares
(sim, porque isto do amor é lindo e nunca é demais!!!)

31 outubro 2006

Strangelove

O meu pequeno universo acústico de hoje contém vários álbuns de Depeche Mode. Agora que o escritório esvaziou, canto alegremente uma das melhores músicas de sempre da banda. Adoro este ritmo dançável, o som electrónico/industrial, a letra. «I'll make your heart smile» é uma daquelas declarações que esmagam. Mesmo. Porque até os músculos sorriem, se devidamente estimulados.

Strangelove.
There'll be times
When my crimes
Will seem almost unforgivable
I give in to sin
Because you have to make this life liveable
But when you think I've had enough
From your sea of love
I'll take more than another riverfull
Yes, and I'll make it all worthwhile
I'll make your heart smile

Strangelove
Strange highs and strange lows
Strangelove
That's how my love goes
Strangelove
Will you give it to me
Will you take the pain
I will give to you
Again and again
And will you return it

There'll be days
When I'll stray
I may appear to be
Constantly out of reach
I give in to sin
Because I like to practice what I preach
I'm not trying to say
I'll have it all my way
I'm always willing to learn
When you've got something to teach
And I'll make it all worthwhile
I'll make your heart smile

Pain will you return it
I'll say it again -- pain
Pain will you return it
I'll say it again -- pain

Pelicano


Fonte do Pelicano, Praça do Município, Braga. A minha preferida de toda a cidade.

Viagens que mudam tudo

A viagem que mudou a minha vida iniciou-se às oito e picos, na estação de Santa Apolónia, há exactamente 10 anos. Depois de ter entrado na minha sexta opção na primeira fase do acesso ao ensino superior, tinha sido admitida, na segunda fase de candidaturas, no curso que queria. A 31 de Outubro de 1996 fui conhecer a minha nova cidade e a minha nova universidade. Ainda não tinha a certeza de conseguir convencer os meus pais a permitir que estudasse fora de Lisboa. Fui reunir argumentos a meu favor.
Braga era uma cidade estranha, da qual não tinha boa impressão, recheada de igrejas e sapatarias. Não conhecia ninguém, não sabia ir a lado nenhum. Fui gentilmente escoltada por uma colega que frequentava algumas das minhas cadeiras na Universidade de Lisboa. Levou-me ao Campus de Gualtar e aos Serviços de Acção Social da Universidade do Minho, para ver se podia viver na residência. Depois, fez-me um tour do centro da cidade.
Chuviscava. Havia um bocadinho de nevoeiro. A 31 de Outubro, faz-se o mercado de flores para os dias de Todos os Santos e Fiéis Defuntos, na praça do Munícipio, que veio a tornar-se uma das minhas praças preferidas da cidade. Eram crisântemos e mais crisântemos, verduras, velas, santinhos, vasos e demais parafernália, envoltos no cinzento característico dos dias de chuva bracarenses. Cor. Cheiros. Gente aos magotes. Sotaque. Surreal.
Estava aos saltos porque tinha entrado no curso que queria. Estava receosa com tanta mudança. Mudar de casa, de cidade, de curso, ficar longe de tudo o que me era familiar... Foi como ser aspirada para uma dimensão completamente nova. Uma dimensão que moldou a minha personalidade e mudou a minha forma de estar. Uma dimensão com sotaque, com as cores do Minho, com o calor dos meios mais pequenos. Saudades de Braga!

27 outubro 2006

Grande iniciativa!

O meu mundinho pessoal contém pessoas incríveis - umas formais, outras criativas, outras ainda absolutamente revolucionárias, todas elas muito divertidas.
Na sequência de conversas paralelas em dois blogs que acompanho, eis que o meu amigo Tiago Grilo decidiu revolucionar o panorama blogosférico português, criando o blog Cuecas dos Grandes Portugueses. Pretende, com esta iniciativa tirar as nossas cuecas da prisão :) Para isso, basta mandar fotografias das ditas para o endereço tiagugrilu@gmail.com. Haverá, obviamente, prémios para os melhores exemplares M e F. Eu vou concorrer, definitivamente... e desafio os meus leitores a fazer o mesmo!

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Os interessados em ver as tais «conversas paralelas» de que falava no início deste post, vide as gaijas & el ninho (posts de 24 de Outubro) e Chocolate & Caramelo (24 de Outubro, também), mais os comentários suscitados pelos posts.

Dia de sol!

Depois de não sei quantos dias cinzentos, esta manhã despontou solarenga e radiosa. nada como uma pintinha de sol e céu azul para nos deixar aos saltinhos :)

24 outubro 2006

Fragmentos

Under (a lot) of pressure... Crio o meu universo auditivo, numa tentativa mais ou menos vã de me concentrar. Ouço David Bowie. Cantarolo baixinho fragmentos de algumas das minhas canções favoritas.

Under Pressure
(...)
These are the days it never rains but it pours
(...)
It's the terror of knowing
What this world is about,
(...)
Pray tomorrow takes me higher
(...)
Turned away from it all, like a blind man
Sat on a fence but it don't work
Keep coming up with love
But it's so slashed and torn
Why why why?
Love love love love

Insanity laughs, under pressure we're cracking
Can't we give ourselves one more chance?
Why can't we give love one more chance?
Why can't we give love, give love, give love, give love, give love

Cause love's such an old fashioned word
And love dares you to care
For the people on the edge of the night
And love dares you to change our way of
Caring about ourselves

This is our last dance
This is ourselves
Under pressure

Ashes to ashes
They got a message from the Action Man
"I'm happy, hope you're happy too
I've loved all I've needed to love
Sordid details following"

Absolute Beginners
I've nothing much to offer
There's nothing much to take
I'm an absolute beginner
And I'm absolutely sane
As long as we're together
The rest can go to hell
I absolutely love you
But we're absolute beginners
With eyes completely open
But nervous all the same

mais um €uro!

Este mundo anda cheio de cromos... ou cromas :) Sábado fomos tomar café à noite: eu, o Gimli, a Ceci e a Ladyboo. Fomos atendidos por uma senhora muito estranha ou completamente doida que:
  • demorou três eternidades e meia para vir à mesa;
  • falou da sua prima Jasmim a propósito de chá da planta com o mesmo nome (isto foi-me explicado a posteriori, porque eu nem sequer percebi a longa tirada que metia jasmim pelo meio...);
  • atirou com os cubos de gelo do meu copo para o tabuleiro porque eu não queria gelo na cola;
  • entornou sumo;
  • e no fim, ainda nos veio dizer «mais um euro!!!».
Primeiro, pensei que ela queria que pagássemos a conta e ainda tentei dizer que a conta era mais do que um euro. Depois pensei que precisasse da moeda para dar um troco, mas àquela hora... era estranho. Afinal, a senhora queria fazer mais um euro de caixa, além do que nós íamos pagar, para receber um prémio :D Provavelmente achou que tínhamos ar de bonzinhos! E nós, que devemos é ter ar de otários/tansos/trengos, acabámos mesmo por consumir mais um euro e vinte cêntimos. Não ficámos a saber o que era o prémio, btw... deviamos ter pedido uma percentagem :P

Prémios para eles :)

Prémio Príncipe das Astúrias na categoria de Letras para o Paul Auster, um dos meus escritores preferidos. Li praticamente todos os livros dele, alguns mais do que uma vez. Creio que escreveria muito do que ele escreveu, mais ou menos da mesma forma. Amo as suas personagens complexas e algo fechadas em pequenos mundinhos de egoísmo e de sofrimento. Adoro os enredos minuciosos. Deliro com os universos impossíveis e, simultaneamente, tão reais que ele cria.
Prémio Príncipe das Astúrias para o Pedro Almodóvar também, nas categoria de Artes. Sobre o Almodóvar nem preciso de dizer muito mais, dado que o meu post anterior é sobre um filme dele :) O senhor é brilhante e eu adoro as cores dos filmes dele, o ritmo, as personagens estranhas e tão intensamente humanas.
Prémios merecidos! Muito merecidos, creio eu :)

17 outubro 2006

Volver

Poucos homens retratam bem as mulheres, poucos as percebem tão bem e poucos as amam de forma tão arrebatada como Pedro Almodóvar. O retrato que Volver nos faz do feminino, das relações entre as mulheres e da forma como elas funcionam é perturbador - comovente numas ocasiões, hilariante noutras. Muito bom. Diferente de outros filmes dele. Ou nem tanto.

13 outubro 2006

perder?

alguém disse: será possível perder alguma coisa quando não temos nada?
eu respondi: claro que podes perder alguma coisa, quando não tens nada. nada é relativo, perder também. criar expectativas é fácil. ver que elas não se concretizarão é uma forma de perder.

06 outubro 2006

Literatura

Sou apaixonada por livros. Leio desde pequena. Larguem-me numa livraria que eu fico bem :)
Decidi abrir uma nova faceta do estrelas - a partir de hoje, publicarei citações de livros que, por algum motivo, me fizeram reflectir. Começo com Paulo Coelho, um autor que venerava no início da minha idade adulta e que revisitei ontem, por acaso. Sigo com Anne Rice, uma aquisição recente na minha biblioteca.

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É fácil sofrer por amor ao próximo, por amor ao mundo ou por amor ao seu filho. Esse sofrimento dá a sensação de que isso faz parte da vida, de que é uma dor nobre e grandiosa. É fácil sofrer por amor a uma causa ou a uma missão: isso só engrandece o coração de quem sofre.
Mas como explicar o sofrimento por um homem? É impossível. Então, sentimo-nos no Inferno, porque não existe nobreza ou grandeza - apenas miséria.

Na Margem do Rio Piedra eu Sentei e Chorei
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Daniel - «But, the Venice of you time, tell me...»
Armand - «What? That it was dirty? That it was beautiful? That people went about in rags with rotting teeth and stinking breath and laughed at public executions? You want to know the key difference? There is a horrifying loneliness at work in this time. No, listen to me. We lived six and seven to a room in those days, when i was still among the living. The city streets were seas of humanity; and now, in these high buildings dim-witted souls hover in luxurious privacy, gazing through the television window at a faraway world of kissing and touching. It's bound to produce some great fund of common knowledge, some new level of human awareness, a curious skepticism, to be so alone.»

The Queen of the Damned

02 outubro 2006

olhares.com

Uma das pessoas que me ficou do curso de formação de formadores é um tipo talentoso, que escolheu a fotografia como forma de expressão. Já tinha visto algumas imagens captadas por ele num jantar de curso e mais umas quantas lomografias que ele levou para uma sessão de formação (sim, porque aquelas sessões de formação davam para muita coisa!).
Hoje fui bisbilhotar um site na net onde ele publica alguns dos seus olhares. vale a pena! Grilinho, és o maior :)

28 setembro 2006

Animalices :)

Vai não volta, dou por mim a ver umas coisas muito estranhas na televisão. no outro dia, era um programa sobre a reprodução das anacondas, logo de manhã, entre o hidratante corporal e o pequeno-almoço. muito estranho...? pois é.
Mas agora fui à loucura :) Lulas do futuro muito inteligentes, capazes de controlar a coloração do seu corpo de forma tão eficiente que mais parecem écrans ambulantes, enviando, dessa forma, mensagens umas às outras...? É mesmo muito à frente!

26 setembro 2006

óculos de nostalgia

No meu último ano de licenciatura, frequentei um seminário de negociação internacional, onde aprendíamos, entre outras coisas, a considerar a componente cultural da outra parte de uma negociação, porque o mundo é cada vez maior e mais variado.
Usávamos o conceito de óculos culturais, para indicar o momento em uma parte de uma negociação interpreta o comportamento da outra de acordo com os padrões culturais próprios da cultura da qual provém. Hábitos diferentes e interpretações diversas de um mesmo gesto, aparentemente inocente, podem condicionar o comportamento de dois parceiros de negócios.
Transpus esse conceito para a actividade de olhar para o passado. Olhamos para fases anteriores da nossa vida com óculos de nostalgia. O passado parece-nos sempre fantástico e imensamente divertido porque olhamos para ele com a maturidade e os conhecimentos do presente - uma época em que a vida era muito mais divertida e despreocupada, mesmo em épocas mais problemáticas. A memória é selectiva e prega-nos partidas. O passado é sempre um tempo dourado da nossa vida :) Quanto mais distante no tempo é um determinado acontecimento, mais dourado nos parece, porque tendemos a esquecer as partes más e a guardar as boas. Usamos os nossos óculos de nostalgia e um evento penoso parece-nos apenas uma lição de vida; aquela pessoa que até nos fez algumas maldades mas que, no geral, até era fixe parece, ao fim de algum tempo, candidata ao título de best friend ever :)
Eu sou em bocado nostálgica por feitio. Impus-me duas regras essenciais para a actividade de contemplar o passado:
1. Os melhores tempos da minha vida ainda estão por vir;
2. A vida é como jogar à sueca :) Joga-se sempre com todas as cartas que se tem na mão, trunfos ou não. Carta batida não pode ser recolhida. E assiste-se sempre, não vale fazer renúncias.

não é fácil...

Não é fácil, não pensar em você
Não é fácil, é estranho
Não te contar meus planos, não te encontrar
Todo o dia de manhã enquanto eu tomo o meu café amargo

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Marisa Monte

25 setembro 2006

Cervantes? quem, mesmo?

Estava a ver televisão há minutos. Um concurso. Pergunta fácil no programa Um contra todos: Que figura aparece na face da moeda de cinquenta cêntimos espanhola?
Hipóteses:
a) Miguel de Cervantes
b) Luís de Camões
c) Marquês de Pombal
Diz o concorrente «ah e tal, às vezes as respostas são tão óbvias que enganam. não sei se os nuestros hermanos poriam o Camões ou o Pombal numa moeda deles...».
Pergunta o Malato «então e quem foi o Cervantes?»
Pausa.
Concorrente com ar sério e compenetrado.
Responde, passado uns segundos «não sei!»
Total cara de gozo do Malato. «o Cervante era suplente no Real Madrid» :D
E diz o concorrente «bom, na dúvida, COMPRO!»
Comprou mesmo. Não sabia MESMO quem era Cervantes. E creio que ainda acreditou quando o Malato lhe disse que a obra mais conhecida do senhor era um volume fininho!!! Ganha esta gente dinheiro em concursos...? Fiquei indignada!

21 setembro 2006

Grande Marisa Monte!

Dia 9 de Setembro assisti ao concerto da Marisa Monte no Coliseu de Lisboa. Foi maravilhoso! Num palco preto, com grandes caixas de luz, a artista e os seus músicos, também de negro, conseguiram centrar as atenções de todos na magia da voz desta senhora da música brasileira actual.
Apesar de ser um concerto muito centrado nos álbuns Infinito Particular e Universo ao Meu Redor, lançados este ano, ainda houve tempo para revisitar alguns temas de outros trabalhos. Para grande animação da plateia, a Marisa cantou temas dos Tribalistas. Para minha surpresa e para minha grande alegria, a Marisa cantou vários temas do meu álbum preferido, Verde Amarelo Anil Cor de Rosa e Carvão, incluindo o fabuloso Segue o Seco.
Eu cantei também :) durante quase todo o concerto, uma vezes com um sorriso de orelha a orelha, outras com os olhos cheios de água. Grande, grande Marisa!

Só um cartinha

Dia que bô bá pa Cabo Verde bô perguntam
O quê cum cria dalá pa bô trazem

Oiá um pergunta que bô ta fazem
Bô crê sabê o quê cum crê pa bô trazem
Oiá um pergunta que bô ta fazem
Bô crê sabê o quê cum de nha terra

Trazem só um cartinha
Pa ca pesá na bô mala
Trazem só um cartinha
Ma dôs regrinha

Ma naquel cartinha trazem Morabeza
Naquel cartinha trazem um Serenata
Ma naquel cartinha trazem nha crêtcheu
Naquel cartinha trazem tude quel Mar Azul

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Lura. Música suave. Música marcada por uma sensualidade e por uma dimensão humana e afectiva que merece ser ouvida com atenção, até para quem não percebe bem crioulo. Ao vivo, a Lura é leve, ligeira, alegre; dança com uma energia contagiante, como se não tivesse peso, como se dançar lhe fosse tão natural como andar. Vi-a no Festival da Praia de Santa Maria, no Sal.

Djadsal. Morabeza. Saudades.

19 setembro 2006

18 setembro 2006

Sodade

Dias longos de praia e piscina.
Terra quente e seca.
Terra escura. Lava. Cones extintos.
Areia fina. Conchas. Peixes.
Mar imenso de cor impossível.
Mar quente.
Salinas. Cor de rosa. Água densa.
Gente calorosa, gente simples.
Gente generosa, gente autêntica.
Música. Ritmo. Vontade de dançar.
Trancinhas.

Morabeza: o Dicionário da Lusofonia define este termo como uma forma de saudade e, ao mesmo tempo, como uma dimensão humana de generosidade afectiva e material e uma forma de estar de Cabo Verde.

Djadsal. Regressei ontem. Voltava hoje para lá.

08 setembro 2006

A tampa

Há quase dois anos, a minha colega da sala da frente começou a juntar tampinhas das garrafas de água usadas na nossa área de trabalho. Levava sacadas delas vai-não-volta para casa, no concelho do Seixal, e entregava-as no quartel dos Bombeiros. Dizia que, com tampinhas suficientes, se arranjava meios para doar uma cadeira de rodas a alguém que precisasse dela.
Não demorei tempo nenhum a juntar-me à onda. Há imenso tempo que apanho tampinhas por onde quer que vá e, no fundo da minha mala, há sempre um par delas. Descobrimos, entretanto que servem quaisquer tampinhas de plástico, e o nosso cesto das tampas ganhou outras cores para além do habitual branco e azul em vários tons. Tampas de iogurtes líquidos, de garrafas de refrigerantes, tampas de tudo e mais alguma coisa. O movimento ganhou adeptos e há gente que vem cá entregar saquinhos com tampas, periodicamente.
Descobri há dias que, o que começou por ser um movimento mais ou menos espontâneo, se está a institucionalizar. A Associação Tampa Amiga procura uma sede e colaboradores para diversas tarefas. Mesmo que não se possa colaborar nesse sentido... custa alguma coisa juntar umas tampas?

06 setembro 2006

60 anos

Freddie Mercury. Grande artista.
Goste-se ou não dos Queen, a verdade é que eles marcaram gerações, encheram recintos, mudaram a face da música moderna, criaram hinos. Foram umas das bandas de referência da minha adolescência, em cassetes manhosas copiadas sabe-se lá de onde ou por quem :)
Um dos meus presentes de aniversário aos 13 ou 14 anos foi uma bandeira do Reino Unido com a fotografia da banda sobreposta: viveu montes de tempo por cima da minha cama.
Freddie Mercury era de uma versatilidade que não se encontra por aí. Faria hoje 60 anos.

05 setembro 2006

do outro lado

Do outro lado da tua porta
Onde os meus dedos ficaram trilhados
Na vertigem da tua fuga precipitada

Do outro lado do teu muro
Ouvindo o teu silêncio pesado
Saboreando aquilo que não me disseste
Inspirando a memória do que já foi

Do outro lado da tua janela
A tua distância é a minha
Intransponível, enorme, resoluta, penosa

Do outro lado da tua vida
No recomeço da minha
Sem te ouvir, sem te ver, sem saber de ti
Aprendendo com a tua ausência

Angel - Sarah McLachlan

Spend all your time waiting
for that second chance
for a break that would make it okay
there's always one reason
to feel not good enough
and it's hard at the end of the day
I need some distraction
oh beautiful release
memory seeps from my veins
let me be empty
and weightless and maybe
I'll find some peace tonight

in the arms of an angel
fly away from here
from this dark cold hotel room
and the endlessness that you fear
you are pulled from the wreckage
of your silent reverie
you're in the arms of the angel
may you find some comfort there

so tired of the straight line
and everywhere you turn
there's vultures and thieves at your back
and the storm keeps on twisting
you keep on building the lies
that you make up for all that you lack
it don't make no difference
escaping one last time
it's easier to believe in this sweet madness oh
this glorious sadness that brings me to my knees

in the arms of an angel
fly away from here
from this dark cold hotel room
and the endlessness that you fear
you are pulled from the wreckage
of your silent reverie
you're in the arms of the angel
may you find some comfort there
you're in the arms of the angel
may you find some comfort here

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Cantei esta música muitas vezes; uma delas ficou-me particularmente gravada na memória: eu e uns amigos, numa fase difícil da minha vida, cantando de braço dado pela Avenida Central, em Braga, às tantas de uma noite molhada. À Sílvia, ao Francisco e à Vi, um abraço de saudade :)

04 setembro 2006

Apareceu!

Vinha na capa do Público de sexta-feira - a polícia norueguesa conseguiu encontrar o Grito e Madonna, dois quadros de Edvard Munch roubados há dois anos e uns trocos de um museu em Oslo.

Esta é uma das imagens mais pungentes de angústia que conheço. Tenho-a impressa e colada aqui na minha sala de trabalho, porque há dias em que me sinto enlouquecer com a quantidade de gente doida que me aparece à frente :)

Boas notícias para o mundo da arte, é o que é!

sem etiqueta

"Quando fores etiquetado tens que escrever seis informações aleatórias sobre ti. Depois escolhes seis pessoas para etiquetar e lista os seus nomes."

Saiu-me na rifa fazer uma lista de 6 coisas aleatórias a meu respeito. Aqui vai :)

1 - penso muito. penso, penso, penso. é uma coisa intolerável, muitas vezes, é uma benção, noutras. não consigo não pensar e até já me habituei à minha voz interior. quando era pequena, achava que tinha uma pessoa dentro de mim, que falava comigo. passaram-se anos até perceber que isso era o pensamento :)

2 - adoro dançar. danço mal, mas danço com vontade!

3 - livros. são a minha perdição. leio quase todos os géneros, sou uma leitora voraz.

4 - cantar. tenho a mania que sei cantar. canto feita doida, seja em que sítio for, umas vezes mais afinada do que outras. acredito piamente que, quando se canta com emoção, não se pode cantar mal.

5 - viagens. há tempos, perdi a paranóia de que não seria capaz de voar e fui à loucura. desde então, já visitei uma série de sítios e tenho outros tantos em calha :) e no final da semana... bazo para Cabo Verde!!!

6 - sonho de consumo: um curso de paraquedismo civil. tenho a certeza que vou morrer de medo... mas apetece-me tanto!
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agora é suposto nomear 6 pessoas para que façam o mesmo tipo de lista, mas tenho sérias dúvidas de ver muitas respostas a tal apelo, nem que seja porque algumas destas pessoas não têm ou não são grandes adeptas de blogs. para essas pessoas, dou a alternativa de mandarem a dita-cuja para o meu mail :) portanto, Ironman, Faroleiro, Ceci, Cog, Apolo e perlbuda, toca a escrever!

15 anos...

Vi num blog amigo um video que me fez rir e chorar. é um extracto de um concerto dos NKOTB, banda pela qual eu fui verdadeiramente fanática durante uma fase longínqua da minha vida. Éramos tão inocentes, éramos tão giras e tão menos complicadas... nessa altura ou muito perto, tinha uma crush por um rapaz da minha turma que tinha um nome absolutamente fora do vulgar. OK, na altura eu achava que era uma espécie de grande amor da minha vida... inconsequências dos 13 anos, suponho! Desunhava-me por uns minutos de atenção do caramelo que, como é óbvio, não me ligava pevide nessa altura e o que queria era jogar à bola no pátio da escola. Hoje em dia, tenho momentos em que gostaria que a minha vida fosse tão simples como era então.
Quando era miúda e tinha dores nos ossos, a minha mãe costumava dizer que eram dores de crescimento, porque estava a ficar grande. Às vezes ainda tenho as mesmíssimas dores, de onde concluo que estou ainda a crescer, apesar de já me ter convencido que não passo do mesmo tamanho. Um amigo disse-me há bocadinho «bem vinda à idade adulta!». Só posso responder «não era nada disto que eu esperava quando rezava fervorosamente para crescer depressa..»

in memoriam

Love Generation | Bob Sinclair
From Jamaica to the world,
this is just love,
this is just love,
Yeah!

Why must our children play in the streets,
broken hearts and faded dreams,
listen up to everyone that you meet,
don't you worry, it could be so sweet,
Just look to the rainbow, you will see
sun will shine till eternity,
I've done for much love in my heart,
No-one can tear it apart,
Yeah,

Feel the love generation,
Yeah, yeah, yeah, yeah,
Feel the love generation,
C'mon c'mon c'mon c'mon yeah,

(whistling.....)

Feel the love generation,
Yeah, yeah, yeah, yeah
Feel the love generation,
Ooohhh yeah-yeah,

Don't worry about a thing,
it's gonna be alright,
Don't worry about a thing,
it's gonna be alright,
Don't worry about a thing,
it's gonna be alright,
Gonna be, gonna, gonna, gonna be alright,

Why must our children play in the streets,
broken hearts and faded dreams,
listen up to everyone that you meet,
don't you worry, it could be so sweet,
Just look to the rainbow, you will see
sun will shine till eternity,
I've done for much love in my heart,
No-one can tear it apart,
Yeah,

(whistling.....)

31 agosto 2006

há dias em que me apetece dizer....

Se a minha avó tivesse rodas era um camião!

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Esta frase brilhante é uma citação, como não podia deixar de ser :) Obrigada, JR, por me deixares citar-te! és o meu guru :P

Moisés

Moisés é uma figura bíblica incontornável :) Isto não impede que se façam piadinhas sobre o senhor, algumas bastante elucidativas da máxima «os homens são de Marte e as mulheres de Vénus». Não que eu me considere venusiana, mas SEI que sou bem diferente dessas criaturas espertinhas e orgulhosas do género masculino. E a que se deve esta minha diatribe contra os homens (alguns homens, pelo menos!)?
Imaginem que foi preciso arranjar uma solução de recurso para pôr estores numas salas - leia-se, retirar de um lado para pôr noutro. OK, não é brilhante, mas não é difícil. O que se faz nestas alturas? Mede-se... se se for mulher. Se se for homem, basta olhar, pelos vistos! portanto, fui olhar para estores na semana passada, acompanhada de um homem, e voltei ao meu posto consciente de ter cumprido o que me tinha sido pedido. Fim de história...? Errado!
Hoje fui acompanhar a mesmíssima pessoa na demanda de estores... de fita métrica em punho! Afinal, o olhómetro não serve nestes casos e os estores escolhidos não eram os ideais. Voltamos à piadinha sobre Moisés.
Moisés era o guia dos judeus no deserto, a caminho da Terra Prometida. Era homem, logo espertinho e orgulhoso. Andou 40 anos perdido no deserto até chegar onde queria. Se Moisés fosse mulher, teria sido tudo muito mais simples: teria parado, pedido indicações e numa semana estaria na Terra Prometida :)

30 agosto 2006

sem sotaque?!

Experimentem dizer «me largue, sua boba!» ou «me deixe, seu cafajeste!», sem o típico sotaque brasileiro. Partilhem experiências na secção de comentários deste post :) Será criada uma linha de apoio, caso a experiência seja excessivamente traumática.

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Cheers, MJ e AD, pela risota no corredor!

crónica da gravata

Um amigo meu andava há dias e dias a dizer-me que precisava de ir levantar um fato que tinha comprado no El Corte Inglés. Lá combinámos de ir buscar o dito, antes que ganhasse traça ou fosse rifado. Obriguei-o a experimentar, pus defeitos no casaco, elogiei o corte da camisa... fui a verdadeira amiga chata!
Ele - Preciso de comprar mais gravatas.
Eu - Leva-me contigo, que eu sou tenho imenso jeito para escolher gravatas :)
Enquanto esperava que ele provasse o fato, dei umas voltinhas. Descobri uma gravata liiiiiiinda, que achei que era perfeita para ele.
Eu - Experimenta isto.
Ele - Erm... por acaso não saberás fazer nós, não?
Eu - Não sei, mas isso arranja-se.
Obviamente, recorri ao assistente de loja mais giro para que me fizesse o nó :) chamem-me parva :P A gravata ficava-lhe mesmo bem - ofereci-lha! Mas com condições :)
  1. Na primeira vez que a usar, terá de me levar a jantar fora;
  2. Deixo-o escolher o sítio... de uma lista cuidadosamente elaborada por mim;
  3. Ele tem de me vir buscar e devolver à procedência;
  4. Ele paga a conta! (Ah, pois é, amigo, não te disse esta parte... mas era mais ou menos óbvio, não? :P)
BTW - a gravata é cor de rosa, com uns motivos geométricos pequeninos :) mesmo LINDA!

28 agosto 2006

meu ébano :)

É, você um negão de tirar o chapéu
Não posso dar mole senão você... créu
Me ganha na manha e babau,
Leva meu coração
É, você é um ébano, lábios de mel
Um príncipe negro, feito a pincel
É só melanina cheirando a paixão
É, será que eu caí na sua rede e ainda não sei
Sei não, mas tô achando que já dancei
Na tentação da sua cor
Pois é, me pego toda hora querendo te ver
Olhando pras estrelas pensando em você
Negão, eu tô com medo que isso seja amor
Moleque levado, sabor de pecado, menino danado
Fiquei balançada, confesso, quase perco a fala
Com seu jeito de me cortejar,
Que nem mestre-sala
Meu preto retinto, malandro distinto,
Será que é instinto
Mas quando te vejo enfeito meu beijo, retoco o baton
A sensualidade da raça é um dom
É você, meu ébano, é tudo de bom!!!

22 agosto 2006

surpresa!

jantar?
hoje?
hoje?!
sim.
estou aí dentro de 45m.
estava mesmo. bonito, maduro, menos frenético, boa companhia.
bom jantar, boa mousse.
volto a ver-te daqui a muitos anos? :)
tens o meu número. liga-me.
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claro que ligo. tinha saudades tuas. mesmo. muitas.

an?

feixe de contradições. tristeza celeste, alegria mortal. emocionalmente atípica. concha. quitina. carapaça exterior. caranguejo que dorme, a onda leva :) que importa a fúria do mar? junto ao teu peito encontrei o meu... é o meu lugar. viver todos os dias cansa. sorriso Colgate. cara de poker. coração míope. coração avariado, que não posso desligar. coração partido, pé dormente. pe na tchon, karapinha ne ceu. estou despenteada. vou para a cama, que estou doente. espera que adormeça. Nelly Furtado reinventada. tonight, i'll be you naughty girl... take me to the stars for free. não há almoços à borla. e então?

18 agosto 2006

o homem do café

Dá comigo em doida, com códigos, formulários e não sei quantas mil burocracias e minhoquices. Este senhor faz parte da lenda cómica do local onde trabalho, sempre pelos motivos mais fantasiosos que se podem imaginar.
Recentemente, foi comprada uma máquina de café para a minha área de trabalho e tive duas lições extensas de como trabalhar correctamente com a máquina, as quais incluiram módulos de montagem e desmontagem integral do aparelho, indicações sobre os receptáculos do café e da água, dicas catitas sobre o escovilhão que serve para limpar os depósitos e sabe-se lá mais o quê... no fim, ainda me disse «se tiver dúvidas, ligue para a minha extensão.» Detestei-o solenemente, nessa altura.
Hoje tenho de fazer uma justa homenagem ao homem do café! O raio da máquina começou a piscar uma luz vermelha, assim que a liguei. Atestei os depósitos, usei o belo do escovilhão para limpar, verifiquei tudo o que me lembrei e o raio da luzinha não parou de piscar. Rendi-me às evidências e liguei para ele. Ele apareceu pouco depois, disse-me «vamos repetir os procedimentos passo a passo, em voz alta», deu um toquezinho numa peça e eis que a luz deixa de piscar :) Quem sabe, sabe! Cheers, homem do café :D

aos meus amigos!

Os amigos são a família que escolhemos :) Eu tenho uma sorte dos diabos e sei escolher muito bem: adoro a minha família alargada! Gosto de Queen desde a adolescência. Gosto particularmente desta canção... e as versões ao vivo têm sempre a energia adicional do público.


Carlos Paião

Era um senhor da música portuguesa: inovador, ousado, criativo. Lembro-me de o ouvir, quando era pequenina, a cantar nos programas de televisão ou na rádio. Toda a gente cantou Pó de Arroz e Cinderela; muitos ainda se recordam da Cegonha, de Playback, da Marcha do Pião das Nicas, do Vinho do Porto (em dueto com a Cândida Branca-Flor).
Gosto da simplicidade com que escrevia e transmitia emoções. Gosto do sentido de humor que algumas das suas letras contêm. Gosto da sua versatilidade, que lhe permitia escrever poemas sérios sobre o amor, odes ao vinho do porto, exercícios sobre o calão e sátiras sobre as sogras (na sua colaboração no Hermanias, onde escreveu canções para o Serafim Saudade).
Há alguns anos, a Inoportuna, Tuna Masculina da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, criou um medley de alguns temas de Carlos Paião; aposto que lhe iria agradar. Morreu num acidente de automóvel, a 26 de Agosto de 1988. Era novíssimo. Perdemos todos. Hoje estou a ouvir a compilação «O Melhor de Carlos Paião», editada em 1991. Tinha mesmo de escrever sobre um dos meus autores preferidos!

17 agosto 2006

o rouxinol II

se «quem canta seus males espanta», preparem os vossos ouvidos! estou decidida a cantar muito :)

16 agosto 2006

The Gift

Uma das minhas bandas preferidas, sem dúvida; com músicas melhores do que outras, obviamente; dignos de uma escuta atenta, digo eu :) passei parte da manhã a ouvir Film, o segundo álbum da banda, cantando alegremente em coro com a Sónia Tavares. muito bom!

Perspectivas de Lisboa

Santa Engrácia tem cenotáfios que parecem empadas. Santa Engrácia desafia o meu medo de alturas. Santa Engrácia tem uma vista sublime de Lisboa, do mar da palha e da outra margem. vale a pena ir lá :)

O elevador de Almada é uma alternativa ao Cristo-Rei, sobretudo quando não se sabe ao certo o caminho para este último e as setas não ajudam. As fotografias não são muito recentes, mas servem para se ter uma ideia do panorama.

14 agosto 2006

Transamerica

Nada como programinhas pouco planeados para animar a malta :)

Sábado fui ver um filme muito bom, com um amigo: Transamerica, de Duncan Tucker, com Felicity Huffman no papel de um transexual às voltas com as surpresas da vida. Bree Osbourne descobre, uma semana antes da sua última operação de mudança de sexo, que é pai de Toby (Kevin Zegers), um adolescente problemático, preso em Nova Iorque. Bree é obrigada a enfrentar esta parte da sua vida antes da operação, atravessando verdades, meias-verdades, universos diferentes, afectos, desafectos, preconceitos e os EUA, de carro com Toby.
Transamerica recordou-me que a maioria das pessoas, mesmo quando são muito modernas, liberais, sem preconceitos ou lá o que se quiserem chamar, adoram embalagens perfeitinhas... de preferência, que correspondam integralmente aos seus próprios desejos e necessidades. julga-se muito e depressa demais, rotula-se sem conhecimento de causa, rejeita-se a diferença, permite-se que os afectos sejam cilindrados por preconceitos. triste mundo o nosso...!

A musa revela-se!

Um amigo meu tem-se entretido a escrever sobre os meus episódios mais parvos no seu blog :) disse-lhe que, assim sendo, tinha de me considerar a sua musa publicamente, coisa que, por algum motivo, ele não quer fazer...! há lá injustiça maior do que esta? se eu o inspiro, não deveria ter algum crédito por isso? :D

10 agosto 2006

liiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiindo!

É verdade, eu tenho um certo fetiche com o José Cid! Este homem fascina-me! uma amiga mandou-me há bocado o link para este video sublime e não podia deixar de o partilhar com os meus leitores :) esta é das músicas mais românticas que alguma vez ouvi :P

03 agosto 2006

Foi como foi

Se foi há anos,
Ou dias,
Não sei.
Nem quantas vezes te cheirei
No ar da manhã.

Nem quantas vezes
Te vi
Despertar
Pensando que essa foi a noite
Melhor de se lembrar

Depois da vez em que o silêncio
Nos quis acompanhar
Pelos segredos
Que julgamos contar.
Em que nas mãos, os nossos olhos
Souberam desvendar
Dentro do escuro a alma
Não se pode ocultar.

Foi como foi.
Como se o céu um dia
Se abrisse em dois.
Foi como foi.
Como se a terra
Nos prendesse e soltasse depois.

A lua via
O sol acordar,
Ficava às vezes até tarde
Só para o ver deitar.

E juro um dia
Que o vi alugar
Um quarto de motel na Via Láctea
Com vista para o mar.

Estremeci ao ver que o tecto
Não tinha para ver
Nem uma telha aberta para espreitar.
Eu alucino ou quase, sempre
Que me deixas pernoitar
Nesse motel da Via Láctea
Com vista para o mar.

Quero rever-te em cada dia
Como revi o futuro
Já que o futuro sorria.
Quero um futuro por dia
Já que o passado nos deixa
Vários futuros na vida.


______________

o meu centésimo post tinha de ter uma letra de música :)
estava a trautear esta canção do Luís Represas há bocadinho. traz-me muito boas memórias - ouvir isto a torto e a direito nos meus anos de residência; alguns dos concertos mais aguardados da minha vida; horas de estudo, momentos de evolução, amizades que ficam, relações que terminam, mudanças, fins de ciclo. percebi que não vale a pena andar zangada com o correr da vida. tudo acontece por um motivo, nem que seja para nos educar.

Agenda

Toda a gente tem uma agenda - não estou a falar do livrito que anda pelo bolso ou pela mala, com números de telefone e notas sobre compromissos. Todos temos propósitos mais ou menos definidos, metas, projectos, desejos a realizar. No geral, a agenda de cada um prevalece em qualquer circunstância. É cada vez mais complicado ceder, mesmo (ou, sobretudo) nas coisas pequenas - no restaurante onde se janta, no filme que se quer ver, no bar onde se bebe um copo, no sítio para onde se sai à noite. No resto, então.... Queremos ser agradados, mais do que agradar; queremos que tudo corra de acordo com o que esperamos. Raras são as pessoas que têm o dom de contornar a sua agenda ou de modificá-la, para incluir as metas de outras pessoas... mesmo quando se envolvem numa relação dita séria e comprometida; raras são as pessoas que abandonam a sua agenda em troca de uma agenda conjunta e nem toda a gente percebe que o segredo do sucesso é o meio-termo.
Concluí isto há dias, ao deparar-me com uma série de situações onde percebi que a minha agenda estava a ser literalmente ignorada, também por mim, em prol de outras agendas. Chocar de frente com alguém que não quer obliterar a nossa agenda tem um efeito giro :)

Já agora, e ainda a propósito de agenda! Alguém se lembra da música do anúncio d'A Minha Agenda?

(esta parte era cantada por um bando de miúdos desafinados)
P'ró Natal o meu presente,
Eu quero que seja
A Minha Agenda
A Minha Agenda
A Minha Agenda

( e dizia o adulto, em voz off)
A Minha Agenda!
A prenda de Natal para o ano inteiro!

(novamente os miúdos)
A Minha Agenda
A Minha Agenda

01 agosto 2006

take me to the stars for free

Hit Song é uma das minhas canções preferidas do Peter Murphy - as outras concorrentes ao lugar de preferida de todo o sempre são Huuvola e I'll fall with your knife. o homem está lá!

31 julho 2006

Adeus português

Nos teus olhos altamente perigosos
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz dos ombros pura e a sombra
duma angústia já purificada

Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor

Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver

Não podias ficar nesta casa comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual

Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal

Mas tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser

Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal

Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti



Alexandre O'Neill

28 julho 2006

out and about tonight

as frase é de uma música dos Suede, que eu publiquei em tempos aqui no estrelas. ao fim de uma semana stressante, com este tempo fantástico, o que apetece é sair, dançar, beber uns copos, ver estrelas... apanhar ar nas trombas, como diz um amigo meu :) baza nessa?

20 julho 2006

os posts fáceis :)

esqueço-me sempre que gosto imenso da Mafalda Veiga... até ao momento em que a ouço :) calhou ouvir umas quantas músicas hoje - obrigada, FJ! - e dei por mim a trautear. uma leitora deste blog diz eu tenho um bocado a mania dos posts «fáceis» com letras músicas ou poemas. essa é uma mania que quero manter :) assim sendo, ficam dois poemas que eu adoro, cantados pela Mafalda Veiga.

Por outras palavras
Ninguém disse que os dias eram nossos
Ninguém prometeu nada
Fui eu que julguei que podia arrancar sempre
mais uma madrugada

Ninguém disse que o riso nos pertence
Ninguém prometeu nada
Fui eu que julguei que podia arrancar sempre
mais uma gargalhada

E deixar-me devorar pelos sentidos
E rasgar-me do mais fundo que há em mim
Emaranhar-me no mundo
e morrer por ser preciso
Nunca por chegar ao fim

Ninguém disse que os dias eram nossos
Ninguém prometeu nada
Fui eu que julguei que sabia arrancar sempre
mais uma gargalhada

E deixar-me devorar pelos sentidos
E rasgar-me do mais fundo que há em mim
Emaranhar-me no mundo
e morrer por ser preciso
Nunca por chegar ao fim


Cada lugar teu
Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar
tudo o que eu te dei

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só

Eu vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Anacronismo

Calças pretas justas. t-shirt de rede sem mangas. tatuagem grande no peito, esverdeada pelo tempo - aposto que era uma daquelas coisas feias, a dizer Angola 61 ou amor de mãe... ou então, podia ser uma caveira ou coisa parecida, à metaleiro de antigamente. colete de cabedal preto. boné de cabedal preto. um walkman-leitor-de-cassetes grande e antigo. headphones. ténis e meias com desenhos. cabelo à Futre. saiu do Metro na minha estação e meteu a mão na saída de moedas da máquina de venda de chocolates e pastilhas, a ver se havia por lá uma moeda esquecida. parecia saído de um videoclip dos Scorpions, dos anos 80.

19 julho 2006

no pacote de açúcar

Fui tomar café com um amigo, ao fim da tarde. o meu pacote de açúcar trazia a seguinte pérola de sabedoria:

Portugal tem mais de 40.000 restaurantes, 5.000 bares e discotecas e cerca de 10 milhões de habitantes, dos quais 1/3 são solteiros. Não fique aí a dormir.

não vou dizer que tudo o que vem à rede é peixe :) mas com tanto peixe no mar... a ideia de pescar entranha-se em nós.

Coitadinhos dos caracóis!


A D-mail é um achado :) andava eu à procura de informações sobre caracóis, quando descubro esta pérola de equipamento de jardim. pelos vistos, os deliciosos gastrópodes apreciam a bela da bjeca!

Pequenos Prazeres

  • o cheiro da chuva na terra quente do Verão;
  • olhar para as nuvens;
  • raios de sol a despontar atrás de nuvens gordas;
  • as cores do poente;
  • óculos escuros, leitor de MP3 e um livro;
  • ouvir um CD que não ouvia há muito tempo e pensar que ainda sei as letras :)
  • mimos dos amigos (um amigo ligou-me há dias do concerto de uma banda que adoro, para eu ouvir uma música inteirinha... Obrigada!);
  • dançar, sem querer saber se danço decentemente ou não;
  • esplanada e caracóis!

18 julho 2006

Maravilla


para início de conversa, o video não é nenhuma oitava maravilha... mas esta música é qualquer coisa de muito dançável. e ultimamente, o que eu mais quero é dançar, mesmo! portanto, para quem gosta de kisomba, zouk ou lá o que queiram chamar a este ritmo: enjoy! fechem os olhos, se for preciso :P para quem não conhece e/ou acha que não gosta do género... fechem MESMO os olhos e abram muito os ouvidos; relaxem os pés, deixe-nos mexer à vontade. vai ser lindo!

O meu vampiro :)

Depois da deliciosa maratona de re-leitura do Harry Potter, comecei a ler The Vampire Lestat, o segundo livro das «Vampire Chronicles», da Anne Rice. ando aos pulinhos! se há coisa que a Sra. Rice conseguiu fazer foi humanizar os vampiros... as suas personagens não são só criaturas sanguinárias, que metem medo e andam por aí a beber o sangue dos incautos. são, mais do que tudo, criaturas dotadas de personalidades complexas, emoções fortes, dúvidas, falhas de carácter. uma das melhores coisas deste livro é o ritmo, muito mais forte do que o do Interview with the Vampire, que tinha partes muito moles :) além disso, por ser o segundo livro da série, permite fazer imensas relações entre personagens e histórias paralelas... e vamos combinar: o Lestat é incrivelmente mais divertido do que o Louis!

Simon Webbe - No Worries


eu adoro esta música. muito boa onda, mesmo :)
já começava a ser tempo de pôr uns videozitos no estrelas!

07 julho 2006

vou deixar que você se vá

Minhas mãos estão cansadas
Não tenho mais onde me agarrar
Tudo já se foi
Amizade carinho e amor
Não há mais por que lutar
Minhas mãos estão cansadas
Eu não vou mais lhe segurar
Vou deixar que você se vá

Não vou mais lhe segurar
Vou deixar que você se vá

Procure o seu caminho
Eu aprendi a andar sozinho
Isso foi há muito tempo atrás
Mas ainda sei como se faz
Minhas mãos estão cansadas
Não tenho mais onde me agarrar
Eu não vou mais lhe segurar
Vou deixar que você se vá

__________

descobri esta música hoje, porque um amigo veio almoçar comigo e trouxe-me coisas novas para ouvir. é de uma banda gaúcha chamada Nenhum de Nós.

o que não tem remédio, só tem uma solução - meia bola e força noutro sentido!

05 julho 2006

Mariza

No domingo, fui ver o espectáculo da Mariza no Auditório dos Oceanos. adorei! vim de lá encantada da vida - a Mariza é um portento :) é graciosa, humilde, cheia de sentido de humor e comunicativa. poucos artistas conversam tanto com o seu público durante uma actuação. se em CD a Mariza arrepia com o poder da sua voz e a emoção que parece pôr em cada canção, ao vivo comove profundamente. chorei umas poucas vezes, mas juro que tentei controlar-me :) é que a Mariza tem sido parte da banda sonora da minha vida recente e o processo de associação mental funciona mesmo quando não quero. cantou praticamente todas as minhas músicas preferidas... ficaram a faltar Oxalá, Terra d'Água e Há palavras que nos beijam, cujo poema publiquei recentemente.
tenho de destacar quatro momentos altos da noite: a interpretações de Barco Negro, de Nem às paredes confesso, e de Chuva (a minha música preferida de todas!), todas acompanhadas pela plateia em coro mais ou menos assumido; e o momento em que a Mariza deixou o microfone e cantou um fado vadio, como ainda se canta nas casa de fados por essa Lisboa fora. Grande Mariza!

Ele está lá!

O meu primeiro disco foi um single do José Cid, com essa música marcante que é Um Grande, Grande Amor. isso marca-nos para sempre, quer se queira, quer não! anos mais tarde, novo momento épico: o sr. José Cid aparece em pêlo numa revista dita cor-de-rosa, cobrindo as suas partes pudendas com discos de ouro e prata. não me lembro que motivo alegava para acto tão insano e isso agora nem vem ao caso! se juntarmos a isso a minha memória do Quarteto 1111, a cantar El Rei D. Sebastião num programa de televisão dos anos 80, consegue-se perceber que nutra por este artista um carinho muito especial :) o homem marca-nos indelevelmente!

Assim, não podia deixar de partilhar com os meus leitores este teste de crucial importância na consolidação da identidade pessoal de cada um :D

30 junho 2006

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill

_________

O poema, só por si, já é lindo! cantado pela Mariza.... é qualquer coisa :)

26 junho 2006

12 dias

Em doze dias acontece muita coisa! Não há nada como os dias e noites quentes para estimular o convívio :) isso e um horário maravilha, que não me obriga a acordar de manhã cedo! nos últimos dias, foi um corropio de programas divertidos - jantaradas, concerto, compras, mornas ao vivo, passeios...

Jantaradas: há uma tasca da qual gosto particularmente, em Alfama. é mesmo tasca, tem um ar duvidoso, mas tem comida africana aceitável (depende um bocado da inspiração de quem cozinha naquele dia!), sangria, uma mousse de chocolate fantástica e mornas ao vivo, à sexta-feira e ao sábado. outro ponto a favor - a proximidade do Castelo... nada como uma subidinha para desmoer :)
Outra coisa de que gosto é sushi e sashimi, apesar de comê-los muito menos vezes do que gostaria - nada como uma jantarada no japonês, para pôr o paladar em dia!

Compras: larguem-me numa Promod que eu faço a festa sozinha! fui fazer de consultora de uma amiga e acabei com umas pecitas a mais no meu roupeiro :) há livros novos, como não podia deixar de ser - depois de ter lido o Interview e de andar tentada por meses, parei de fazer finca-pé aos vampiros e comprei-me as Vampire Chronicles, da Anne Rice. resta saber quando é que vou ler isto :) neste momento, estou a ler o sexto livro do Harry Potter e a seguir, desconfio que vou pegar n'As mãos dos Pretos, uma antologia de contos de autores africanos de língua portuguesa, que anda lá por casa há tempos, ou no Brooklyn Folies, do mágico Paul Auster.

Fui ao Oceanário de Lisboa, com a minha irmã pequena - foi uma aventura :) ela nunca tinha encaixado que os peixes vivem dentro de água e fez uma festa imensa! e ver o mundo com o entusiasmo de uma criança tem um encanto diferente.

Concerto - Donna Maria, no Bar Templários, em Lisboa. Incrível!!! A Marisa Pinto, vocalista da banda, é mais pequena do que eu, mas tem uma voz e uma presença que enchem uma sala. tocaram praticamente o CD inteiro, sem pretensões e com uma alegria contagiante, numa sala cheia de gente, que cantava em coro com a banda. Ainda na vertente musical, vou finalmente ver a Mariza ao Casino de Lisboa neste fim de semana, e procuro companhia para ver Gotan Project, na próxima semana, no Coliseu dos Recreios. quem se anima? :)

estamos a meio dos Santos Populares, e ofereceram-me hoje um manjerico! o cheiro espalha-se alegremente pelo meu escritório :) não fui aos santos, para grande pena minha... a bem da verdade, prefiro o S. João ao Sto. António, nem que seja pelos martelinhos!

as minhas últimas duas entradas são menos divertidas.

a morte saiu à rua: sexta-feira, 23 de Junho, foi assassinado um jornalista/repórter fotográfico que admirava muito. Chama-se Martin Adler, foi colaborador da Grande Reportagem durante vários anos, fotografou e escreveu sobre alguns dos conflitos mais vergonhosos dos nossos tempos. estava a cobrir as manifestações a propósito do último arranjinho político entre o governo e as milícias em Mogadíscio, na Somália. a sua morte eleva para 26 o número de jornalistas mortos só neste ano, enquanto trabalhavam. foi alvejado pelas costas, a curta distância... a imprensa internacional afirma que não se tratou de um acidente. tinha 47 anos.

ontem tive um encontro imediato com a parte da frente de um automóvel - fui atropelada numa passadeira de peões, pertíssimo da minha casa. felizmente, não tenho mais do que algumas nódoas negras e uns arranhões. apanhei um susto e tanto, mas estou inteira... e até os meus bolinhos (eu vinha da pastelaria!) se salvaram :)

em 12 dias acontece mesmo muita coisa.

14 junho 2006

El Lado Oscuro

Segunda-feira, fim de tarde: vamos tapear, beber sangria, pôr a conversa em dia, ver gente gira! e para tornar o programinha perfeito, El Lado Oscuro, dos Jarabe de Palo :)

Puede que hayas
nacido en la cara
buena del mundo.
Yo nací en la cara mala,
llevo la marca
del Lado Oscuro

No me sonrojo
si te digo que te quiero,
y que me dejes o te deje,
eso ya no me da miedo.
Tú habías sido
sin dudarlo la más bella
de entre todas las estrellas
que yo ví en el firmamento.

Cómo ganarse el cielo,
cuando uno ama
con toda el alma.
Y es que el cariño
que te tengo
no se paga con dinero.
Cómo decirte
que sin ti muero.

12 junho 2006

Florbela Espanca

Se tu viesses ver-me

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos seus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus braços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

_____________

este é um dos meus sonetos preferidos da Florbela. sei uns quantos de cor, desde os 18-19 anos, altura em que trazia o livro sempre comigo. a Florbela soube escrever sobre o amor como poucos poetas: de uma forma teatral e exagerada - porque as emoções fortes raramente têm freios e não se «encaixotam» dentro do limites do parecer bem -, mas sensual e emocionante. continua a ser uma das minhas leituras preferidas! reli há pouco todos os sonetos da série He hum não querer mais que bem querer - dez sonetos sobre a exaltação do amor e o desencanto da perda. recomendo vivamente :)

Oooh Tita!!!

Tita é a irmã de uma das minhas amigas da escola secundária, mais velha que nós uns 6 ou 7 anos. sempre que uma de nós falava de rapazes, ela tinha uma pergunta obrigatória: nós diziamos «ele é lindo, tem uns olhos (ou pernas, ou rabo ou qualquer outra parte corporal) lindos!» e ela disparava logo «de que é que vocês falam?», ao que nós respondíamos em coro «Oooh Tita, o que é que isso interessa?!».
na altura, ter assunto para falar era o que menos importava...! alguns anos depois, percebo imensamente bem a pergunta. vamos combinar :) mais coisa menos coisa, a parte física resume-se em meia dúzia de linhas, por muita imaginação que se tenha. ok, eu aceito, pode resumir-se em duas ou três páginas...! mas depois, o que é que se faz com a pessoa? conversa-se, que remédio! e aqui voltamos à pergunta da Tita - «de que é que vocês falam?»
se ele só fala de carros, futebol, saídas com os amigos ou problemas do trabalho, e se vocês querem falar daquele vestido lindo que viram numa montra à hora de almoço, como é que se entendem? se ele não gosta de literatura, se só vê filmes de acção e se houve música que não lembra ao diabo... o entendimento é difícil. mas não é impossível!
é muito mais fácil conversar com pessoas que partilham os nossos interesses ou que têm curiosidade em conhecer aquilo de que gostamos. mas mais importante do que isso é aceitar: uma grande parte de todas as relações é o respeito e a admiração pela outra parte. podemos não ter nada a ver com a outra pessoa, mas temos de ser capazes de aceitar a diferença e aprender a lidar com ela. de caminho, podemos sempre deixar que essa pessoa nos ensine alguma coisa.

09 junho 2006

muita loucura por nada

Muita loucura por nada é o título da peça que fui ver no último sábado - é uma adaptação de textos de diversas peças de William Shakespeare, feita por José Lobato, que também é o encenador e protagonista. mesmo deixando de lado algumas opções de encenação algo discutíveis (o actor contracena com filme, sendo a única pessoa em palco durante todo o espectáculo), gostei muito do que vi - a montagem dos textos forma um todo coeso, o protagonista transmite uma paixão e uma loucura bastante credíveis e, em alguns momentos, comoventes. a peça é a primeira de três, todas com base em Shakespeare: a próxima é uma comédia. estamos lá :) no teatro D. Luiz Filipe, em Carnide.

http://muitaloucurapornada.blogspot.com

hip hop tuga

não sendo grande conhecedora de hip hop e menos ainda da sua versão tuga, há anos que adoro o refrão da música Dedicatória dos Mind da Gap. E para gáudio meu, ontem ao entrar no café do costume, dei com a transmissão em directo da actuação da banda no SBSR... a cantar, justamente a música de que gosto :)

O que eu precisava, era mesmo,
alguém assim como tu.
Eras o estilo certo, para mim,
Quero ficar contigo até ao fim.
Nunca tive ninguém, como tu,
Mas sempre te procurei,
Agora que te encontrei, que te ouvi,
Quero ficar contigo até ao fim.

ainda dizem que não há coincidências :)

08 junho 2006

ah, pois é...!

tomar uma decisão é fácil ou relativamente fácil, dependendo do assunto e do alcance da dita. o que é mesmo difícil é manter a resolução de pedra e cal e não cair em tentações.

02 junho 2006

Donna Maria 2

Lado a lado

Somos dois caminhos paralelos
Vamos pela vida lado a lado
Doidos que nós somos
Loucos que nós fomos
Nem sei qual é de nós mais desgraçado

Lado a lado meu amor mas tão longe
Como é grande a distância entre nós
O que foi que se passou entre nós dois que nos separou
Porque foi que os meus ideais morreram assim dentro de mim

Ombro a ombro tanta vez mas tão longe
Indiferença entre nós quem diria
Custa a crer que tanto amor tão profundo amor tenha acabado
E nós ambos sem amor lado a lado

Fomos no passado um só destino
Somos um amor desencontrado
Doidos que nós somos
Loucos que nós fomos
Não sei qual é de nós mais desgraçado

29 maio 2006

o seu a seu dono

Quando publiquei as fotografias do post anterior, só sabia que as esculturas estavam ligadas ao FATAL 2006. agora sei que que a instalação se chama ÁLVAROS & CHAIRS e é uma criação colectiva, coordenada pelo escultor João Duarte. Estão na frente da Reitoria da Universidade de Lisboa até 31 de Maio.

fotógrafa amadora 1









_______________

São as esculturas que decoram a entrada da Reitoria da Universidade de Lisboa, a propósito do FATAL 2006. Acho-as fabulosas! Não sei quem é o autor(a).

25 maio 2006

o açougue

uma conversa com a minha amiga M, há bocadinho :)

Eu - vamos ligar à J, ela deve estar a sair do cabeleireiro. vamos fazer alguma coisa juntas!
Ela - Opá, não... combinei comigo mesma que hoje ia ao talho. não me desvies do caminho do Senhor!
Eu - o senhor do talho? estou a imaginar... o apelo da carne :) o senhor do talho, com os seus ante-braços peludos e um fio de ouro ao pescoço... a verdadeira corrente, no meio dos pelos!

...

lindo, não é? :D

A Naifa

A verdade apanha-se com enganos

sonhei aos vinte anos durante três avé-marias
que eu tinha-me roubado a minha vida
depois de treler o monte dos vendavais
decidi ir contra a futilidade do romance

fui apanhado aos vinte e dois anos
em plena capicua inocente e rua
em amantíssima posse viral

a verdade apanha-se com enganos

aos vinte e três outonos apaixonei-me doze vezes
e nem sempre pelas mesmas almas
mas sobrevivi a um coração míope

___________________

outro super-projecto de música portuguesa contemporânea :) Luís Varatojo, João Aguardela e Maria Antónia Mendes. é fado? também. mas é muito mais do que isso. e é muito, muito bom!

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http://www.anaifa.com/

Donna Maria

Sem marcha atrás

O tempo que a gente perde pela vida a correr
O tempo que a gente sonha que é chegar e vencer
O tempo faz de nós um copo p’ra beber em paz
O tempo é um momento para nunca mais

O tempo mesmo agora fez a terra girar
O tempo sem demora traz as ondas do mar
O tempo que se inventa quando nunca se é capaz
O tempo é um carro novo sem a marcha-atrás

Voei p’ra te dizer
Sonhei p’ra te esquecer
Eu sei não vais parar para eu crescer
Eu sei esperei demais

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Donna Maria é um dos projectos mais interessantes da música portuguesa. adoro-os. vão tocar no dia 30 de Maio, no Speakeasy... e eu espero estar lá!

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http://donna-maria.blogspot.com/
http://www.donnamarialetras.blogspot.com/

19 maio 2006

Chuva


As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade
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Letra de Jorge Fernando | Cantada por Mariza
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adoro esta música por muitos motivos - mas acima de tudo, porque ela me lembra que atrás de todos os dias de sol há uma nuvem ou uma tempestade... e que ela pode desabar sobre a nossa cabeça incauta.