Continuam a passar bons filmes! Ontem à noite vi um dos meus filmes preferidos de sempre: Out of Africa, de Sydney Pollack. Já vi este filme tantas vezes que sei de cor pedaços do texto, da sequência das cenas e da banda sonora, mas nem isso lhe tira o encanto. Ainda me emociono sempre nas mesmas partes: o primeiro vôo, a separação de Karen e Denys, o incêndio, o pedido de terras, o poema no funeral e a despedida entre Karen e Farah Aden.
Adoro a fotografia, o sotaque irrepreensível e o cabelo revolto da Meryl Streep, o charme esmagador do Robert Redford, o ar distante-terno-interessado de Malick Bowens. Andei anos atrás da fabulosa banda sonora. Uma das minhas citações preferidas saiu deste filme: Denys pergunta a Karen se pode trazer as suas coisas para casa dela. É a sua forma de lhe dizer que quer viver com ela. Diz-lho durante uma caminhada, a olhar em em frente, quase como se estivesse a falar do tempo. Ela responde-lhe when the gods want to punish you, they answer your prayers, pára repentinamente e abraça-o. Há coisas que não se pedem, mas que sabem que nem ginjas quando acontecem.
Outra das coisas que me encanta neste filme é a conjugação entre a independência das personagens e o amor entre elas. Construir alguma coisa a dois é sempre incrivelmente complicado, mais ainda quando se têm tão presentes os conceitos de liberdade e de espaço individual. A questão nunca é saber se se gosta ou não de determinada pessoa - é mais de saber até que ponto se é capaz de abdicar de rituais, hábitos, ritmos que se têm por certos, em prol de uma construção binária, dependente de outra pessoa... porque gostar é só o princípio.
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