28 dezembro 2007

Sabores do Natal

Devem existir milhões de formas de fazer caril, dependendo dos ingredientes que se tiver à mão. Esta foi a que calhou na ceia de Natal.

Caril de Frango
(receita a olhómetro, como todas as minhas!)
1 ½ Frango
pó de caril
1 cebola
alho
sal
azeite
1 litro de leite meio-gordo
1 barra de leite de coco
algumas colheres de polpa de tomate
coco ralado
cardamomo

Tempera-se o frango com sal e alho com algumas horas de antecedência. Refoga-se a cebola e alho num bocadinho de azeite, até ficar transparente. Junta-se o frango, o pó de caril, o cardamomo, a barra de leite de coco e o leite, aos pouquinhos. Acerta-se o sal. Deita-se algumas colheres de polpa de tomate. A meio da cozedura, mais ou menos, junta-se coco ralado, para engrossar o molho. Cozinha em lume baixo, para não pegar. Acompanha com arroz basmati, cozido à crioula: muita água a ferver, sal e cardamomo, escorrido e lavado no final, para ficar solto.

e por falar em canções fixes...

ouvi finalmente o novo CD de Donna Maria - música para ser humano :) e gostei muito! a crítica fala em maturidade, evolução e não sei o quê mais. eu prefiro dizer do que gostei, sem ser exautiva:
  • o dueto com o Luís Represas, na canção «nós nunca somos iguais», que é provavelmente a minha preferida do momento.
  • as palavras finais de «mais que um amor no mundo».
  • o som surpreendente de «fragmagens».
  • o ritmo dançante de «zé lisboa».
desconfio que, como no caso de «tudo é para sempre», este é um CD para degustar ao longo do tempo... e para ver executado ao vivo, assim que possível!

boa onda pura

Dei por mim a ouvir esta música, depois de a descobrir no blog de um amigo.



e depois de uns dias algo atribulados... nada como uma canção fixe para animar as hostes!

19 dezembro 2007

A Ceia



Este fim de semana, fui voluntária na ceia dos sem-abrigo. Trabalhei. Ri. Comovi-me. Dancei. Conversei. Encontrei amigos que não via há muito tempo. Aprendi muito. A repetir.

13 dezembro 2007

Saudades do Insólito. E do Club 84.



Descobri este video num blog. Não sabia que a canção se chama Love will tear us apart nem que era dos Joy Division. Sei é que me deu umas saudades doidas das noites que começavam no Insólito e que nunca se sabia onde acabavam. Às vezes acabavam no Club 84, antes de ter fechado :) Noutras...
Verdade se diga, também tenho saudades das noites que começavam no Carocha, mas isso é conversa para outro post.

11 dezembro 2007

São as sortes

O que nos vai valendo é que, da mesma forma como conseguimos ser imbecis até à quinta casa, também temos um instinto de sobrevivência que apita sempre que arriscamos a nossa sanidade. Ao menos isso... não é o euromilhões, mas também serve.

10 dezembro 2007

Inacreditável

Este fim de semana, assaltaram o armazém onde se guardavam a maior parte dos bens (comida, roupa, brinquedos) que a Comunidade Vida e Paz estava a juntar para a Ceia dos Sem-Abrigo, que decorrerá nos próximos dias 14, 15 e 16 de Dezembro.
Estou sem palavras. Estou muito zangada, também. Mas, mais do que tudo, estou motivada a ajudar: a Comunidade precisa de reunir o máximo de bens alimentares, para que as 4500 refeições planeadas para os 3 dias da ceia não sejam postas em causa. Precisam de mercearias e vegetais, precisam de roupa e de meias novamente. Todos os donativos podem ser entregues na sede da Comunidade.

06 dezembro 2007

mudar o Mundo

Acredito que as pessoas têm o poder de mudar o Mundo. Não será de hoje para amanhã, mas ficar parado a ver os problemas a desfilar é que não resolve nada. Visitem este site, de onde tirei a imagem que ilustra o post. E ajam!

27 novembro 2007

Natal II

Apesar da minha pequena diatribe contra o consumismo da quadra, fiz a minha wishlist. Sim, as mulheres são contraditórias - e já que me vão dar coisas, ao menos que sejam coisas que me façam jeito ;)

para a casa:
Cortinas japonesas (as da área)
tapetes para o quarto, grandes, turquoise ou laranja
lençóis de flanela
azulejos de espelho do IKEA
muitas molduras pequenas, lisas, todas iguais, formato 10x15
copos grandes
posters com as capas do Jorge Barradas para a ABC
papel de parede vintage, para a sala

para mim:
pregadeiras giras
coletes de lã
cachecóis & pashminas
um gorro de malha tipo crochet
camisolas cor-de-laranja
CD dos Donna Maria
bons livros

em delírio:
viagens, para qualquer lado, em regime TI, por muito tempo :)

para as causas com que me preocupo:
este fim-de-semana decorre a recolha de alimentos do Banco Alimentar;
a Comunidade Vida e Paz recebe bens alimentares, roupa e donativos monetários;
vejam a lista de itens necessários este mês no site da Ajuda de Berço;
a Fundação Evangelização e Culturas criou presentes solidários: são kits de bens essenciais para as acções desenvolvidas em países de língua portuguesa.

____

reeditado, depois de ler um dos comentários.

Natal I

Chega esta altura do ano e começo a pensar no Natal e nos presentes a comprar. Em bom rigor, toda a gente já tem tudo, para dar e vender, se fosse preciso, mas o espírito da época lá nos arrasta para as lojas :) Ando positivamente sem ideias. Apetece-me saltar a parte consumista do Natal e entreter-me apenas com os almoços, jantares e demais comezainas com a família e os amigos reunidos. E mesmo isso... mesmo isso é uma estafa e um sem número de manobras diplomáticas entre aqueles que podemos e não podemos juntar, aqueles que têm de ser visitados e aqueles a quem podemos visitar mais tarde. No fim, fica a sensação de que fizemos menos do que deveríamos, numa quadra que é de paz, harmonia, amor e não sei o quê mais.

23 novembro 2007

Mas anda tudo parvo ou quê?

Vi ontem este poster no metro. Voltei atrás, para ter a certeza que não o tinha imaginado. Só me ocorre dizer uma coisa:
Santana Lopes, tu é que tens razão! O país está doido!

22 novembro 2007

Donna Maria 3

O segundo CD de uma das minhas bandas preferidas sai no dia 3 de Dezembro. Chama-se «música para ser humano».
O primeiro single, «há amores assim», está disponível aqui.

E falando em perguntas inconvenientes...

... que dizer do célebre «então quando é que tens filhos?» que normalmente vem a seguir ao «quando é que casas?»?
A minha mãe fala em netos e sobrinhos para a minha irmã pequena ter com quem brincar; os amigos estão a tratar da descendência; eu nem penso nisso! Perguntam-me com frequência se não quero ter filhos. Honestamente...? Nem por isso! Não é que não goste de crianças - dou-me lindamente com as crianças dos outros. E é aqui que reside o maior encanto delas: são filhas de outras pessoas, que as levam para casa no fim do dia, deixando-me entregue ao meu tempo e ao meu silêncio.
Se acompanhar a minha irmã pequena teve algum efeito em mim, foi no sentido de me fazer valorizar mais o meu tempo - aquele que não é gasto com mais ninguém senão comigo e que se perde quase totalmente, quando se tem um filho. As crianças precisam de atenção constante. O que têm de encantadoras também têm de pequenos sorvedouros de recursos de todos os géneros. Pode parecer egoísta, e na volta é mesmo... mas prefiro ser uma egoísta com noção das minhas limitações do que aventureira, sobretudo quando o que estará em causa é o bem-estar de uma pessoa que não pediu para nascer.

A febre

Ou é de mim, ou toda a gente decidiu dar o nó. Nos meus diversos grupos de amigos restam cada vez menos solteiros convictos ou pelo menos não apressados :) Não sei se é a passagem ou a proximidade das 3 décadas de vida, se é o passo lógico (tirar o curso, arranjar um emprego, comprar casa e carro, casar e ter filhos), se é uma evolução natural das coisas que me passou ao lado sem que eu desse conta. A verdade é que continuo sem grandes pressas. Se por um lado não me importaria nada de partilhar a casa da Borbie com alguém, por outro também não nego o enormíssimo prazer de lá viver sozinha, com os meus horários, as minhas manias, os meus periquitos e a minha planta.
Longe vão os dias em que a pergunta «então quando é que casas?» me deixava de tão mau-feitio que me apetecia responder «nunca!»; agora já nem me incomodo em fazer um sorriso amarelo e desviar o assunto: a pergunta é arrumada com a maior cara de gozo e um enigmático «ui! isso agora...!» :)

21 novembro 2007

Um dos meus cantores preferidos


Letras mágicas... com aquele toque de Humanidade que falta tantas vezes nas palavras de outros e uma voz de feitiço. Grande Jorge Palma!

pérolas da minha mana

A minha irmãzinha tem saídas deliciosas. Esta pérola saiu-lhe no domingo, enquanto conversávamos no comboio. Disse-me ela:
- Esta é a estação da mana T - referindo-se à estação onde a nossa irmã costumava sair, para o emprego.
- Sim, pois é.
- Ainda faltam muitas estações?
- Faltam duas estações, e depois saímos! A seguir é a estação do jardim zoológico, que é a estação da Paquita (o leão marinho dos shows do zoo), dos leões e das girafas; depois é a estação da mãe (onde a minha mãe sai todos os dias) e depois é a estação do P (referindo-me ao facto de o meu namorado estar à nossa espera nessa estação).
- O pai não tem uma estação?
- Não, porque o pai tem carro e não anda de comboio.
Pequena pausa.
- Eu também não tenho uma estação. Eu tenho um triciclo!

Sonhos parvos

Duas da manhã. Acordei a meio de um sonho estúpido: Príncipe Felipe das Astúrias, a sua Letízia, as miúdas e lontras! Don't ask for details, please...
Acordei de birra, a dizer que não conseguia deixar de sonhar com esta cena feliz e que isso me estava a atrapalhar o sono. Confesso que fiquei sem perceber se era a realeza, se as lontras que mais me incomodavam o descanso!

20 novembro 2007

citação do dia

Temos de fazer da ética da responsabilidade uma marca integrante do espírito de todos os Portugueses, sem a qual esforço, trabalho e riqueza serão desperdiçados.

Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República, no discurso do Dia de Portugal

14 novembro 2007

Alphonse Mucha e Toulouse-Lautrec




Obrigada!

No autocarro da Carris

Homem 1 - Epá, no fim-de-semana fui andar de karting! muito fixe, sempre a andar, a pista é muita boa!
Homem 2 - Ih, eu também curto andar de karting, faço umas manobras fixes, sempre a acelerar.
Homem 1 - Podíamos combinar e ir juntos num fim-de-semana! Levamos as mulheres.
Homem 2 - E enquanto elas ficam entretidas a fazer o comer, vamos dar umas curvas.
(pequena pausa)
Homem 1 - Hmmm, a minha vai é querer andar de karting...!
(nova pausa)
Homem 2 - A minha também, que ela gosta de acelerar!
(pausa para pensar)
Homem 1 - Então e se levássemos uns frangos?

12 novembro 2007

Memória

Creio já aqui ter escrito que tenho uma memória prodigiosa para coisas parvas - datas, números de telefone, endereços de correio electrónico, números de localização de viadutos na A1, os reis de Portugal, letras de músicas manhosas, factos avulsos que leio aqui e ali. Há dias em que preferia ser dotada de menos capacidade de armazenamento ou de um programa de gestão de dados mais eficiente, que me permitisse varrer aqueles que entretanto se tornaram desnecessários. Hoje é um desses dias.

Da infidelidade

Ai, o amor - por ele se começaram guerras, por ele se mata e se morre, em seu nome se fazem os derradeiros sacrifícios. O amor que nos move, o amor que nos engana, o amor que nos exalta, o amor que nos desilude, o amor que nos muda. Não há emoção mais forte que o amor e nenhuma tão potencialmente duradoura.

O amor tem limites, mais ou menos elásticos, dependendo dos intervenientes de cada relação - é que se o amor em abstracto é infinito, incondicional e absolutamente altruísta, a verdade é que esta não é uma definição que assente à maioria dos amores humanos, pelo que a imposição de limites ao amor é uma condição sine qua non da sua concretização no dia-a-dia. Os amores humanos são materiais, mais do que espirituais. Precisam de constante atenção e cuidados, precisam de provas, demonstrações e sacrifícios. Amar, abstractamente, sem uma forte componente empírica, não chega!

Falava hoje sobre infidelidade, monogamia e os limites do amor com alguém que, no geral, partilha das minhas opiniões e que hoje, só por pouco não me chamou bota-de-elástico.
Dizia-lhe eu que, no geral, o problemas da maior parte das relações não é falta de amor, é falta de transparência - desde que haja acordo das partes tudo é permitido, menos o engano. Tendencialmente, acreditamos que as relações em que nos envolvemos são monogâmicas - é uma espécie de configuração pré-definida. A menos que se assuma claramente o contrário, é desse pressuposto que o comum mortal parte.

Hipoteticamente, até podemos não ser monogâmicos. Mas precisamos de muito jogo de cintura e muita cabeça fria para saber que o nosso parceiro está com outra pessoa, mesmo que pontualmente, e levar isso na boa. E levar na boa não tem só que ver com segurança pessoal, boa auto-estima, inteligência, possibilidade de fazer o mesmo em circunstâncias favoráveis... Tem sobretudo que ver com a negação de competitividade e de comparação – porque no geral, o que nos irrita e magoa na infidelidade é a ideia de que ela existe porque, de alguma forma, fomos incapazes de preencher todas as lacunas, necessidades e/ou expectativas do parceiro que temos.

Somos parte duma sociedade competitiva e de aparências, onde ter é mais importante do que ser, porque ser alguma coisa é muito complicado e precisa de muito tempo para ser devidamente apreciado. Ter uma pessoa (ter um relacionamento com alguém) é um sinal de algum poder, nem que seja apenas para nós mesmos – precisamos de alguma validação externa, e ter alguém é uma forma de validação. Que esse alguém nos troque por outrem (ainda que momentaneamente), é difícil de gerir, sobretudo quando/se essa troca não é consentida. E mesmo que seja... Em algumas coisas, ainda somos incrivelmente das cavernas – partilhar não é dos nossos fortes. Partilhar parceiros, mesmo que ocasionalmente, sem que existam grandes afectos em jogo em relação à terceira pessoa, ou pelo menos, sem que existam grandes mudanças no horizonte, é ainda assim, um desafio que dizemos ser capazes de levar na boa, mas que quando nos acontece não sabemos levar com igual facilidade. Somos bichos territoriais, mesmo quando não estamos permanentemente a marcar território.

Raras são as pessoas que aceitam MESMO a não-monogamia do seu parceiro, sem ter sentimentos de retribuição, sem amarguras relativamente à terceira parte, sem a clássica dor de corno. E mesmo as que existem, não sei se são supremamente indiferentes, se são supremamente inteligentes, ou se apenas não amam. Amar sem desejos de alguma posse do objecto amado é demasiado idealista para ser verdadeiro – amor sem expectativas de retribuição e de alguma posse só existe em fantasias!

Para a maioria de nós, a infidelidade do parceiro acaba sempre por ser entendida como um reflexo na nossa imperfeição. E mesmo que essa infidelidade não tenha tido como propósito atingir-nos ou magoar-nos, acaba por fazê-lo, porque em última análise nos rouba a ideia de que somos únicos e especiais para aquela pessoa. Por muito ingénua que esta ideia pareça, creio que é a conclusão mais imediata que se retira de um qualquer caso de infidelidade - o que não suportamos, mais do que tudo, é a ideia de perder a unicidade.

Vidas virtuais

Tenho ouvido falar do Second Life - hoje fui ver o que era e não saí de lá aos saltos. Hoje também conheci o Travian, um mundo virtual onde se constroem e governam aldeias gaulesas, em tempo real. Há uns anos, conheci uns quantos viciados em jogos online que passavam horas nesse mundo, jogando e conversando com os seus parceiros de equipa ou oponentes, muitos dos quais conhecidos do mundo real.
Aposto que há mais uns poucos universos virtuais que não conheço, mas estes são suficientes como exemplo para chegar ao centro do meu argumento - investir numa vida virtual, para quê? Já ouvi toda a sorte de argumentos a favor: as vidas virtuais são uma forma de superar a timidez e conhecer pessoas; os mundos virtuais permitem viver múltiplas vidas em simultâneo e em níveis que não se podem atingir na vida real; é uma forma eficaz de vencer a solidão e o tédio do dia-a-dia; permite explorar limites e fantasias; é uma forma alternativa de sonhar; Pois sim, até pode ser tudo isso...

A verdade porém é que tudo o que é virtual é uma forma de alheamento da realidade. Num mundo virtual podemos apagar os nossos erros, sem ter de viver com as suas consequências - em última análise, podemos desistir de tudo e começar do zero. Sem responsabilidades, sem cobranças. Por mim, cada vez mais me convenço que o que nos custa mesmo é pegar a vida real pelos cornos - perdoem-me a metáfora tauromáquica.

Ter

Levamos a maior parte da nossa vida preocupados com o que podemos ter. Acumulamos bens materiais sob as mais variadas desculpas: são prémios de bom comportamento, prémios de consolação, pequenos mimos e estímulos pelos mais variados motivos, coisas adquiridas porque há saldos, promoções, liquidações de stock ou porque um dia podemos vir a precisar. Possuir bens materiais tornou-se uma medida do nosso sucesso individual.
Esquecemos-nos que pertencemos àqueles pequena parte da população mundial que tem casa, trabalho, acesso à internet, comida sempre que quer e uma infinidade de bens que não consegue sequer enumerar exaustivamente. Também nos esquecemos que, de uma forma perversa como só poderia acontecer na nossa sociedade, nunca foi tão fácil resvalar para a pobreza como agora, apesar de tudo.

Se nos faltar o trabalho de um momento para o outro, gastamos, em pouco tempo, aquilo que economizámos; gastamos, em menos tempo ainda, o pouco que conseguirmos pedir a amigos e familiares, porque as redes informais de apoio são hoje mais ténues do que costumavam ser. Podemos beneficiar de subsídios e apoios. Podemos ter sorte e conseguir um novo emprego. Podemos ter uma rede pessoal tão eficiente que nos segura e nos impede de cair em desgraça. Mas na pior das possibilidades e num reino não tão remoto quanto isso, se perdermos o emprego e as economias podemos perder os bens primeiro, a casa, depois, e a dignidade, por último. Isto num espaço de tempo relativamente curto. E assim se vai parar à rua, refúgio último de toda a indigência, onde se perde a dignidade em menos de um ai. Na rua, é-se menos gente aos olhos de quem passa. Na rua, é-se praticamente invisível, mesmo quando se pede esmola entre os carros parados nos semáforos, nas carruagens do metro, nas estações de comboio... Na rua está-se exposto à inclemência dos elementos, mas isso ainda deve ser o de menos - o pior mesmo deve ser a exposição à indiferença dos nossos semelhantes.

Não, não virei a profeta da desgraça. Mas estou cada vez mais atenta. E cada vez menos indiferente. Porque acredito que quem tem, tem o dever de intervir para atenuar as diferenças. As redes sociais de outros tempos (família nuclear e família alargada, comunidade) têm de ser substituídas por novas redes, baseadas na responsabilidade social de cada um e naquilo que se convencionou chamar de consciência.

09 novembro 2007

Meias II

Antes da publicação do post de ontem, escrevi para a Sofia Valente, cujo endereço estava disponível na mensagem. Achei que devia publicar a resposta, também, para reforçar o desafio! Uma vez que o Estrelas é o blog da família, amigos e conhecidos, lanço-vos um repto, à séria: e se nós todos participássemos nesta campanha de solidariedade? Sim, eu sei, alguns de vocês vão pensar que não muda nada, porque um acto isolado de solidariedade vale o que vale. Mas eu sei, por experiência, que um acto isolado de solidariedade é frequentemente o primeiro passo para um envolvimento mais profundo na vida da comunidade em que vivemos. Podemos fazer a diferença, sim! Participem!

«Muito Obrigada pelo contacto para a Campanha - Junta as tuas meias às minhas… e torna os dias e as noites de Lisboa mais quentes!

Sempre acreditámos que JUNTOS podemos tornar Lisboa numa Cidade mais Quente… não só os pés… mas, principalmente, o coração!

Informações sobre as Meias:

- Tamanhos de adulto – que tanto dêem para homem, como para mulher;
- Preferencialmente escuras mas todas as outras são muito bem-vindas e muito agradecidas!

As Meias deverão ser entregues ou enviadas para:
Campanha – Aquecer Lisboa com Meias!
Comunidade Vida e Paz
Rua Domingos Bomtempo, nº 7
1700 – 142 Lisboa

Localizada aqui: http://www.cvidaepaz.org/images/mapas/alvalade-mapa.bmp

Queria pedir a TODAS as pessoas o favor de enviar um mail com o número de pares de Meias entregues ou enviados para a Comunidade Vida e Paz.

E a cada dia de “vida” que passa desta Campanha… mais consciência tenho de que vale a pena tentar fazer a diferença!

Uma pergunta que frequentemente nos tem surgido é se as pessoas podem oferecer outras coisas. Com efeito, aproxima-se uma altura de muito frio que torna mais necessária a angariação de agasalhos e cobertas (mantas, cobertores ou sacos-cama), pelo que também estes itens são para nós preciosos. Também a elaboração das ceias (v. abaixo "A CVPaz num minuto") beneficiará de ofertas de bens alimentares como conservas, compotas, doces, etc., e, muito necessário por ser um reforço nutricional importante, o leite. Um 6-pack de leite, p.e., dá para 30 sem-abrigo - todas as noites a CVPaz distribui cerca de 60l de leite!

A Campanha das Meias insere-se no plano de comunicação da Festa de Natal com os Sem-Abrigo, que se vai realizar a 14, 15 e 16 de Dezembro, na Cantina 1 da Universidade de Lisboa. A Festa de Natal é o evento mais emblemático da Comunidade Vida e Paz (v. abaixo "A CVPaz num minuto"), reunindo 2500 convidados para lhes proporcionar uma refeição quente e mais algum do conforto de que estão privados no resto do ano. É um esforço logístico imenso e como tal, os apoios humanos são tão necessários como os apoios monetários e em géneros. Por isso mesmo, são bem-vindos todos os que se nos quiserem juntar para tornar mais um Natal inesquecível! As inscrições são necessárias e podem ser feitas online até 21 de Novembro em www.cvidaepaz.org

Por tudo… e pelas Meias… Muito Obrigada!

Se necessitar de mais informação - por favor contacte-nos.

Muito Obrigada!

_________

A CVPaz num minuto:

·A CVPaz é uma organização que apoia os sem-abrigo, com o objectivo de os reinserir como cidadãos participativos na sociedade. É uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) tutelada pelo Patriarcado de Lisboa e com sede em Alvalade. É de inspiração cristã, mas congratula-se com o facto de ter o apoio de imensas entidades e pessoas de diferente fé e diferente fundamentação humanística, que se lhe unem no sentido de prestar serviço à sociedade.

·Distribui comida (27 000 sandes por mês) e roupa pelos sem-abrigo de Lisboa todas as noites do ano, como forma de construir uma relação com estas pessoas, que permita conhecer a sua situação e ajudá-los ou encorajá-los a entrar no programa de recuperação. Este programa é realizado num dos três centros terapêuticos da Comunidade (Quinta da Tomada, Quinta do Espírito Santo e Quinta de Fátima) e passa pela desabituação de substâncias, no caso de dependentes de álcool ou drogas, mas também e sobretudo pela aquisição duma nova atitude perante a vida e competências que aumentem a possibilidade de encontrar um emprego.

·A distribuição de comida e roupa é feita pelas equipas de rua. Cada noite, três equipas (em média, com nove elementos), percorrem três percursos diferentes na cidade de Lisboa. Várias empresas contribuem para o conteúdo das ceias (duas sandes, um bolo, uma peça de fruta e leite), e algumas contribuem também com voluntários. Contamos, p.e., com uma parceria com o El Corte Ingles, que começou com a divulgação do trabalho da CVPaz na comunicação interna da empresa há cerca dum ano e desde então temos 6 a 7 colaboradores do El Corte Ingles nas equipas de rua todas as semanas.

·A Festa de Natal é o evento mais emblemático da CVPaz. Recebe mais de 2500 convidados ao longo de três dias, proporcionando, para além da comida e roupa e higiene, o conforto físico e emocional de que estão usualmente privados. Em 2007, o Natal realiza-se nos dias 14, 15 e 16 de Dezembro, na Cantina 1 da Universidade de Lisboa. As novidades deste ano incluem animação constante, um espaço maior e exclusivo para as crianças, e contamos com a possibilidade dos nossos convidados sem-abrigo tomarem um banho quente!
»

08 novembro 2007

Meias


Recebi este e-mail e não consegui ser indiferente ao apelo que ele contém:

«Campanha de Angariação de Meias para os Sem Abrigo de Lisboa

Equipa B – Volta de Quarta-Feira
Comunidade Vida e Paz

Somos uma das muitas Equipas de Rua que colabora com a Comunidade Vida e Paz no apoio aos Sem-Abrigo de Lisboa durante a noite.

E todas as noites ouvimos o mesmo pedido: Têm meias? Têm meias? Têm meias? Pegámos nestes pedidos e decidimos realizar esta Campanha - Junta as tuas meias às minhas… e torna os dias e as noites mais quentes! Objectivo – angariar 5000 pares de meias até à noite de Natal! Para quem estiver interessado em aquecer os dias e as noites – contacte-nos por mail: vsophya@hotmail.com

Muito Obrigada pela ajuda… e pelas meias!»

Vamos colaborar?


05 novembro 2007

Mais uma indianice




Os mais atentos vão reconhecer a música - faz parte da banda sonora do Inside Man. A canção original faz parte da banda sonora de um filme de Bollywood intitulado Dil Se. Eu gosto do ritmo e deste espírito absolutamente Bollywood, em que não há drama que impeça os personagens de dançar animadamente!

Vaya con Dios

Sim, tenho mesmo uma veia para ouvir músicas de mil-nove-e-qualquer-coisa. Adoro esta banda. Sou fã das suas letras. Considero que a Dani Klein tem uma voz magnífica, cheia de alma, cheia de emoção. Dou por mim a dançar tão discretamente quanto possível em todo o lado e a cantarolar, sempre que o Best of da banda começa a tocar no meu leitor de MP3.

02 novembro 2007

«De bons conselhos...

... está o Inferno cheio.» Sim, eu sei. E se conselhos fossem bons, não se davam, vendiam-se.
Há coisas que só podemos aprender com a experiência, com aquilo que a minha mãe costuma chamar de «sofrer na pele».
Dou por mim a tentar apoiar e/ou orientar amigos um bocado perdidos na sua vida pessoal e a ouvir que para mim as coisas são mais fáceis, porque a minha vida emocional é tranquila e feliz. Mas até chegar a esta fase da vida dei umas quantas cabeçadas, fiz asneiras do tamanho de elefantes, tive momentos muito bons e momentos que não lembram ao diabo. Provavelmente, por ter a minha conta de histórias manhosas, conheço alguns truques e sei ler alguns sinais - acima de tudo, sei que estar fora de uma situação faz toda a diferença, no que toca ao sentido crítico.
Além disso, desenvolvi um instinto de defesa digno de nota e tendo a estender essa protecção às pessoas de quem gosto, como se as pudesse poupar de determinadas dores. Esqueço-me que usar os sapatos alheios não é para todos e que ser dura nem sempre é o caminho para ajudar quem quer que seja, mesmo que dura seja a verdade, e não eu.

Ainda assim, não me canso de dizer coisas como:
  • enquanto não gostarmos de nós mesmos, não importa quantas pessoas gostam;
  • se uma pessoa não correr um bocadinho atrás de ti, não interessa; atenção, que isto do bocadinho é subjectivo, mas convém que sejam acções dignas de nota;
  • para os homens: ela tem de te fazer sentir que és o maior;
  • para as mulheres: tu és uma princesa, ele não pode ser só sapo!;
  • para ambos: uma pessoa que gosta de nós, gosta de nós mesmo quando nos sentimos mais feios, menos atraentes, quando estamos constipados, quando nos atrasamos, quando não correspondemos às suas expectativas;
  • sobre os erros: errar é humano. Poucos são os erros cometidos com a intenção explícita de magoar a outra parte. A gradação dos erros é subjectiva, também, mas quase tudo pode ser ultrapassado, com esforço de ambas as partes - se houver vontade. O único erro que não se pode cometer é fingir que se perdoou um erro anterior. Neste ponto, não há meias-tintas.
  • as relações são construções: requerem tempo, disponibilidade, afecto, cuidado permanente e tolerância.
  • não vale guardar ressentimentos: tudo o que se guarda tende a transformar-se numa arma de arremesso para utilizar no momento pior possível.
e falar é fácil!

Cartão de Crédito


Hoje abri a correspondência que veio de casa do meu pai: entre outras coisas, tinha uma proposta de adesão ao Cartão Caixa MTV. Ora, isso por si não tem nada de especial excepto num pequeno detalhe... este é um cartão de crédito cujo target alvo começa nos 15 anos! A proposta vem acompanhada de um folheto que me garante o acesso aos melhores concertos, descontos nos bilhetes de festivais, presença nos eventos MTV onde poderei conhecer as maiores estrelas da música mundial (ai, ai, suspirei eu nesta parte!). Além do folheto, ainda recebi o dito cartão, o código, um contrato de adesão, respectivo envelope RSF e uma cartinha que diz que a Caixa e e a MTV pensaram em mim :D e que continua com as instruções:
  • se tiveres (adoro esta informalidade!) entre 15 e 18 anos, faz A;
  • se tiveres mais de 18 anos, faz B;
  • (e aqui penso eu, e se tiveres quase 30? onde está a opção C?);
e que informa:
  • ao subscreveres este cartão, ganhas um EP dos Expensive Soul!

Piadinhas à parte, há três coisas que me afligem:
  1. que se dê um cartão de crédito a adolescentes. Mas na volta, sou eu que sou bota de elástico!
  2. que o aliciamento à adesão se faça com base em descontos em concertos, ofertas de CDs e coisas que tais;
  3. que o meu banco, onde tenho conta há mais de 10 anos não perceba que eu já não faço parte do target deste produto. Isso quer dizer que a gestão de clientes é fraquinha, não é?
Confesso que olhei uma vez e meia para a proposta: se calhar, era bom ter cartão de crédito, nem que seja para comprar coisas na net, vai não volta. Por outro lado, talvez fosse bom ter um que não me tome por adolescente: vamos combinar, uma coisa é fazer pagamentos com um VISA Gold ou VISA Platinum numa loja, outra é dar um VISA MTV... E sim, provavelmente estou outra vez armada em posh.

29 outubro 2007

Praia

Ir à praia nesta altura do ano é bom, não só para a corzinha :) Ontem fui à praia da mata, com a minha irmãzinha e respectivos pais, correr, fazer bolinhos e buracos na areia. Cheirar o mar. Apanhar sol. Muito bom!

Pecados II


É por estas e por outras que eu não consigo ser magra :P
(Na imagem, petit gateau. Aqui, a receita do Olivier Anquier)

Coches

Decidi (re)visitar museus de Lisboa: visto que estou confinada ao território nacional nos próximos tempos, nada como fazer o meu «vá para fora cá dentro, a bordo dos autocarros da Carris» :D

O Museu Nacional dos Coches é um dos museus que povoa a minhas recordações de infância. Trata-se de um antigo picadeiro do sec. XVIII, adaptado a museu no início do sec. XX, por iniciativa da Rainha D. Amélia, e só por si merece uma visita.
Além dos coches, berlindas e outros veículos lindíssimos e respectivas equipagens, o Museu exibe a historiografia da devoção à Senhora do Cabo e uma galeria de retratos de vários Reis e Rainhas da Casa de Bragança. Fiquei triste por não ver o retrato de D. Carlota Joaquina, que já não está na galeria, onde figuram o seu marido e dois dos seus filhos. Segundo me disseram, está pendurado na parte administrativa do museu... Desperdício!
Do espólio, saliento os coches da Embaixada portuguesa ao Papa Clemente XI e o Coche da Mesa, um veículo de viagem usado na cerimónia da Troca das Princesas entre Portugal e Espanha, em 1729.
Gostei deste conceito mercantilista de trocar princesas :) Imaginem a cena interpretada à Gato Fedorento - Diz o Rei D. João V de Portugal «toma lá, ó Filipe V de Espanha, a nossa Maria Bárbara, para casar com o teu filho Fernando e dá-nos cá a tua Mariana Vitória, para casar com o nosso D. José.» Isto com toda a pompa devida às cortes riquíssimas da época... LINDO! Cheira a troca de berlindes ou cromos do Bolicao, não cheira? :)

Hermitage em Lisboa

Fui à inauguração da exposição Arte e Cultura do Império Russo nas Colecções do Hermitage - De Pedro, O Grande, a Nicolau II. Sim, às vezes sou um bocado posh :) Mas posh a sério é uma certa British Cashew, que recebeu o convite e teve a gentileza de me levar a tiracolo.
Gostei da exposição, que é variada no tipo e qualidade das peças. Gostei sobretudo das peças que evocam a vida quotidiana da corte imperial, como as ementas para festas, os exemplares de serviços de mesa, os instrumentos médicos do czar Pedro, um trenó para crianças. Fiquei encantada com a miniatura das insígnias reais feitas em metais e pedras preciosas pelas oficinas de Carl Fabergé para o czar Nicolau. A última família da Dinastia Romanov está amplamente representada por fotografias, retratos, alguns painéis informativos.
Não fiquei fascinada com o espaço. Creio que tinha expectativas muito elevadas relativamente à Galeria de Pintura do Rei D. Luís - saiu-me um espaço com chão pintado de cinzento, com as cantarias maltratadas em muitos pontos e com ar de não ter sido varrido como deve ser. Provavelmente, são percalços de uma inauguração... impressões a corrigir numa segunda visita!

23 outubro 2007

Dumbledore Gay?

J .K. Rowling disse, há dias, que o personagem Albus Dumbledore é gay. As suas declarações foram alvo de inúmeras notícias nos media. Fiquei com um bocado de mau-feitio em relação a este anúncio, se assim lhe posso chamar, porque me pareceu uma declaração fora de tempo. Por outro lado, esta novidade em nada adianta ao conteúdo dos livros: para quem os leu, tanto dá se Dumbledore é gay ou não, porque o conteúdo da história, que entretanto já terminou, não muda devido à orientação sexual de um dos seus personagens. A orientação sexual das personagens não tem grande importância, porque não faz parte das temáticas abordadas na série Harry Potter, nem de forma marginal.
Não adianta discutir que a personagem em causa tem comportamentos assexuados durante toda a série, como a grande maioria das personagens, aliás. Dizer que a autora sempre imaginou o personagem como gay é supérfluo agora; acreditar que um anúncio a posteriori da edição do último livro da série irá fomentar a tolerância para com as pessoas homossexuais é o mesmo que acreditar no Pai Natal. Isso talvez acontecesse se a personagem fosse abertamente gay durante o desenrolar da história; por esta via, não acontecerá, certamente. Ou a senhora acha mesmo que as pessoas que não leram ainda os livros vão lembrar-se desta declaração quando os lerem e ser mais tolerantes por isso?
A seguir alguém lhe faz uma pergunta parva sobre a antipatia do tio Vernon por feiticeiros e a autora responderá que ele tinha ambições a ser um :) tinha a sua graça, também... Aguardemos mais sessões públicas de perguntas!

19 outubro 2007

A saída

Não era inesperado... já se adivinhava aqui e aqui. Tentei segurar-me, por afecto, por fé, por esperança. Não deu. Tenho pena, mas sinto um alívio desmedido por terminar o que se tornara um suplício. Saí com as cartas na mesa, esperando que a minha saída mude alguma coisa - não sei ao certo se isso acontecerá.

Quanto a mim, agora é meia bola e força!

17 outubro 2007

Nadia



Nitin Sawhney e Reena Bhardwaj


FANTÁSTICO!

16 outubro 2007

Oumou Sangaré

Oumou Sangaré nasceu no Mali. Esteve este ano no Festival Músicas do Mundo de Sines. Descobri-a por acaso, ao ler uma secção de comentários no blog da Trendy, que entretanto me enviou um URL onde se pode descarregar uma canção; acabei por comprar a colectânea da senhora.

Gosto do som, mesmo não sabendo sempre o que ela está a cantar. Deve ser da minha tendência para gostar de tudo o que não seja demasiado batido. Já me disseram que, um dia destes, estarei a ouvir a música desconhecida dos pastores húngaros de pés descalços ® :)

Bruxelas


Quero ir a Bruxelas!
Quero um subsídio de viagem!
Quero ajudas de custo!
Quero férias!
Quero companhia :)


[E aqui abro um parêntesis para dizer que estou MUITO esquisita nisso de escolher ou aceitar companhia para viajar - se pensou responder ao meu repto mas acha que uma ou mais das frases abaixo o/a descreve, esqueça! :)
  • «Em férias acordo cedo e espero que a minha companhia faça o mesmo»;
  • «Faço roteiros de locais a ver que sigo religiosamente»;
  • «Em museus, espero que a minha companhia me acompanhe a par e passo»;
  • «Andar não é para mim»;
  • «Sou um ás com mapas»;
  • «Não bebo, não fumo, não danço, não gosto de chocolate, não sei jogar à sueca»;
  • «As férias com amigos servem para pôr a conversa em dia»;
  • «Gosto de fazer poses e tirar muitas fotografias»;
  • «Fico rabujento/a se não como/durmo a horas».
Férias numa grande cidade desconhecida são sinónimo de: conhecer museus, jardins, palácios, templos religiosos, restaurantes, cafés, lojas, feiras; andar quilómetros; perder-me em becos; silêncio próprio e ruído alheio; ficar parada durante tempos esquecidos diante de um quadro ou de uma paisagem; escrever. Pequenas fugas.]

12 outubro 2007

A evolução da espécie

Veste fatos estranhos, gravatas e camisas de gosto e coloração duvidosa; emparelha a cor da armação dos óculos com a cor de uma das peças acima referidas. Diz todo o género de parvoíces, entrevista as figuras mais peregrinas e é parte activa dos mais comoventes e/ou dos mais hilariantes momentos da TV matinal. É dos meus ídolos, claro está!

Eu ainda sou do tempo em que este senhor usava um farfalhudo bigode e aparecia nos programas da manhã da RTP, atrás de um balcão de cozinha, enfarpeladinho de branco, cortando vegetais, provando comidinhas, falando na necessidade de fazer uma alimentação correcta, com receitas simples. Era mais sisudo nessa altura, creio. Isso, ou o bigode impunha mais respeito!

Os pratos ficavam bonitos na televisão, as receitam eram fáceis - ainda me lembro de apontar receitas e quantidades num papel. Toda a gente tem memórias televisivas do tempo da outra senhora; eu tenho o Goucha. E tenho saudades desta sua faceta. Não me queiram mal por isso.

Modernices

Inaugura-se hoje a nova basílica do Santuário de Fátima que é, dizem, a 4ª maior do Mundo. Com cerca de 9000 lugares sentados, a Basílica da Santíssima Trindade foi construída exclusivamente com fundos provenientes dos donativos dos peregrinos (ai, tanta moedinha na caixa!). A obra gerou polémica por ter sido projectada por um arquitecto cristão ortodoxo e tem entre os seus elementos decorativos uma imagem de Cristo Crucificado estilizado em formas geométricas e uma estátua de João Paulo II retratado já no período de mais idade e menos saúde.
Dizia uma senhora, entrevistada esta manhã no Santuário, que aquele Cristo só com uma perna e com a cabeça angulosa não lhe diz nada. Já do nosso Papa velhinho gostou muito. Noutros tempos, tais atentados à santa imagem do senhor dariam fogueira. Modernices! A seguir retratam Nossa Senhora de mini-saia, querem ver? :)

As celebrações do fim-de-semana, em que se comemoram os 90 anos das aparições serão vigiadas pela GNR, na Operação Trindade, nome muito a calhar num momento repleto de solenidade religiosa. Gostava de conhecer o artista que inventa os nomes destas mega-operações policiais! Provavelmente, estas pérolas ocorrem-lhes nos intervalos da escrita de scripts para a TVI.

Sic transit gloriae mundi!
(Admitam que esta citação vem mesmo a calhar - quase tanto como o nome da operação dos nossos gê-nê-rês!)

Retrato de família

Aqui à porta trabalha a mãe; o pai trabalha pelo edifício; a filha estuda do outro lado da rua. Almoçam juntos várias vezes por semana e fazem uma pausa pós-prandial dentro do escritório. Nesses momentos, a sala da frente transforma-se numa extensão lá de casa, de certeza :) Mesmo não querendo, vou apanhando pedaços de conversa:
  • marido a implicar com a mulher;
  • mulher a mandar o marido para determinadas partes anatómicas;
  • mãe a ralhar com a filha, normalmente por causa da escola ou das horas tardias a que chega a casa;
  • filha a expulsar a mãe da sua secretária, porque precisa de ver o messenger;
  • pai a implicar com a filha, por causa da roupa, do namorado, dos estudos;
  • filha a responder torto ao pai;
  • mãe a contemporizar a situação;
  • mulher falando enternecida sobre o cão da família.
Haverá alguma coisa melhor do que a família, penso eu, quase comovida? :D

11 outubro 2007

Slaï



O que importa neste post não é a imagem manhosa, é a música!

Canta o tipo a certa altura:
Rien n'importe plus à mes yeux maintenant que celui de te rendre heureuse.

Princesas, não era? :)

Verão de Outubro

Está sol, está calor. Tenho uns óculos de sol novos. Quero praia, esplanadas, petiscos, sol nas costas, tardes longas e despreocupadas. Quero passear na Baixa, subir ao Carmo, andar no elevador de Sta. Justa. Quero fazer compras. E aqui estou fechada no escritório. Não há justiça.

10 outubro 2007

my bones


É o penúltimo livro da minha autora de policiais preferida. Chegou-me às mãos ontem, por vias tortuosas. O que era um empréstimo ao Gimli passou a oferta. E a oferta passou para mim, porque eu tenho todos os livros anteriores da autora. Thank you, Gimli! :)

04 outubro 2007

Birmânia


Concentração no Marquês de Pombal, no dia 8 de Outubro, entre as 19h e as 21h, a favor da vítimas da Birmânia. Vem e traz uma vela.

Pode ser que não mude nada, mas ficar parado também não resolve.

Porque sim...

... dei por mim a ver vídeos dos Guns e de Bon Jovi no youtube. E a cantar. E a saber ainda as letras! Grandes bandas da minha adolescência. Grandes malhas, grandes baladas.
Civil War, November Rain, Don't Cry, Knocking on Heavens' Door. You Give Love a Bad Name, Bad Medicine, Living on a Prayer.


Grandes e inesquecíveis bailes da escola, onde se começavam e acabavam amizades, namoros e curtes. Improváveis momentos. Ser a menina copinho-de-leite ao lado de quem se mandava sentar os mauzões da turma, de castigo. O «rebelde» da minha turma do 6º ano cantava-me Bon Jovi baixinho durante as aulas.
Figurinhas de que nos lembramos hoje, entre muitas gargalhadas. Imagens de marca. Rockers com ar sujo, despenteados, mal vestidos, totalmente adorados. As pulseiras de borracha preta que eram vedantes de bidons; as pulseiras de pele que ficam mal-cheirosas com o tempo. Posters: Bravo, Smash Hits, Pop Rock, Super Som. Cassetes manhosas que se ouviam N vezes, até gastar. Ver o Top+ e gravar clips. Ir à Valentim de Carvalho, no Rossio.

Apetece-me saltar.

03 outubro 2007

02 outubro 2007

Sempre a bombar :)

Domingo fiz parte de uma mini-excursão de família, com destino à outra margem. Música de serviço, a bombar à maluca? Kisombas velhinhas! Eu, que não sei crioulo, fartei-me de cantar velhos hits das pistas de dança: always in my heart, alta segurança, amor, fazi amor com bo, amar-te assim, res de funaná. E sim, esta última não é uma kisomba, mas é um hit intemporal! ia ia, ia ia, com feeling.
Terapia do dia, antes que o mau tempo, o trabalho e os miúdos a esganiçarem-se no karaoke montado na Alameda da Universidade me tirem do sério: bombar a pasta inteira das kizes, com headphones :) Em fila de espera estão pérolas como kazangá, pura ilusão, materialista, allô cherie, bo é tudo que neste e o mar. Adivinha-se uma tarde em grande!

01 outubro 2007

de uma das minhas bandas preferidas

PARA ANIMAR AS HOSTES, QUE SEGUNDA-FEIRA É SEMPRE AQUELE DIA!




Hey, what's happened to our lives?
When did you and me forget how to have a good time?
And we gotta get back to the life
That we forgot 'cos we got too much on our minds

Hey, we got to make some time for the stuff that you can't buy
And get a life 'cos you know all that serious stuff ain't no fun

Who says you can't be happy all the time?
I know but I'm still gonna try
Hey let's all go out tonight
Why don t you and me go out and have a good time?
Make our life a supernatural high
Cos we're both leaving all that bad stuff far behind

Hey there's gonna come a time you kiss it all goodbye
So get a life 'cos you ain't got a clue when that day's gonna come
Who says you can't be happy all the time?
I know but I'm still gonna try

Who says you can't be happy all the time?
Say what you like but I'm still gonna try
Who says you can't be happy all the time?
I know but I'm still gonna try
Who says you can't be happy all the time?
I know but I'm still gonna try

Who says you can't be happy all the time?
Say what you like but I'm still gonna try

But I'm still gonna try
But I'm still gonna try


________

Happy | Lighthouse Family

Emigrar ou não?

Dizem que lá fora é que é - ganha-se mais dinheiro, ganha-se qualidade de vida, abrem-se os horizontes, treinam-se novos idiomas - longe vão os tempos em que emigrar era sinónimo de fuga da opressão política. Emigrar, é actualmente uma escolha que se faz pensando na melhoria das condições de vida (pessoais e da família). Muda-se de país por um emprego melhor, pela oportunidade de ter mais conforto ou porque se encontrou um canto do Mundo onde as coisas fazem mais sentido.
Não duvido que há muito quem tenha saído do país e esteja satisfeito e não condeno quem faz essa opção - o que não tolero é um certo ar de superioridade com que alguns dos que saem falam sobre quem faz a opção consciente de não emigrar. Emigrar não é uma solução mágica para todas as dores.

Felicitações laranja


Na sexta-feira, o Dr. Luís Filipe Menezes ganhou as eleições directas para o cargo de presidente do PSD. Não sendo particularmente apreciadora do senhor e do seu estilo a dar para o popularucho, não deixei de aplaudir a sua vitória. Gosto quando ganha aquele que era dado como perdedor à partida: em política, nada é certo e eleições livres têm sempre uma margem de incerteza que não se deve desprezar. Gosto de ver a vontade popular expressa, mesmo quando esta não augura muito de bom para o partido ou para o país - não é de crer que o novo líder do maior partido da oposição seja um opositor à altura do actual líder do Governo: o tempo dirá se tenho ou não razão.
O voto dos militantes do PSD no Dr. Menezes pode não ter sido um voto de confiança na sua liderança, mas foi claramente, um voto de descontentamento com o seu antecessor e com o seu comportamento em campanha. Um líder em exercício é um líder, mesmo que esteja em plena campanha eleitoral - não deve usar determinadas armas, nem deve descer a determinados patamares, sob pena de perder o respeito daqueles que lidera. Nunca se viu uma campanha tão feia, tão suja, tão cheia de trocas de galhardetes, tão sem ideias, tão recheada de truques e manigâncias a cheirar a tramóia dos instalados no poder como esta. Se esta eleição prova alguma coisa, prova sobretudo que o eleitorado do PSD não anda a dormir.
Ao novo líder cabe mostrar que tem mais substância do que aquela que lhe é atribuída. Vamos ver do que consta a sua moção e a sua estratégia. Até lá, algum benefício da dúvida é-lhe devido. Parabéns, Dr. Menezes!

28 setembro 2007

comentários

O meu post anterior é, provavelmente o mais comentado deste blog. Deu que pensar e deu que rir quando o Pedro, um dos comentadores mais intervenientes, respondeu a uma das entradas com um @alex e com um @o-meu-nome. Respondi com uma rebocada sobre utilização de nicks e etiqueta blogger e comentei o assunto com ele, que gentilmente me disse para apagar o comentário. Foi apagado e posteriormente reintroduzido, já corrigido :) Ao Pedro, o meu agradecimento.

E agora, a parte séria - por que motivo é que nos escondemos sob um pseudónimo, mesmo num blog que é lido pelos amigos, família e pouco mais, provavelmente? Comentem, expliquem teorias e motivos! O desafio é duplo: quero saber a vossa opinião, mas também quero fazer um mini-census aos meus leitores :)

27 setembro 2007

o homem tem classe!

Santana Lopes abandonou o estúdios da SIC Notícias, depois de aquela estação de TV ter interrompido a entrevista com o político para noticiar a chegada de José Mourinho a Portugal. Esta notícia aparece em todos os media de hoje.
Sabe que mais, sr. Santana? Eu também acho que o país está doido e teria feito o mesmo :)
Estas loucuras mediáticas com o futebol chegam-me aos nervos. E não é que não goste do desporto, não gosto é do mediatismo sem sentido feito de «casos», indisciplina, dramas de alcova de dirigentes e jogadores e deste ou daquele resultado menos esperado num jogo. Como é que se justifica que todos os noticiários que vi desde o fim da noite de ontem até ao início desta manhã tenham iniciado com as notícias da Carlsberg Cup? É demais... e não há pachorra para isto.

21 setembro 2007

O salvamento


Numa das minhas pequenas pausas da tarde, reparei numa lagartixa bebé dentro da sala. Tenho dificuldade em matar bichedo que não me incomoda, e aquela, ainda para mais, era bebé. Decidi salvá-la.
Como, como? A única ideia que me ocorreu foi metê-la num envelope e despejá-la na rua. Arranjei um envelope dos grandes (sim, porque ser amiga do bichedo é uma coisa, tocar-lhe é outra conversa!) e outro dos médios, para a empurrar. Essa foi a parte fácil. O pincel foi para tirá-la de dentro do envelope, sem o inutilizar - quem disse que um envelope que já serviu para carregar uma lagartixa não serve para mais nada?

______

27/09/07: cumpre-me corrigir a indicação sobre a espécie do bicho em questão. Já várias pessoas me disseram que o bicho da fotografia que ilustra este post é uma osga. Confesso que não sou grande entendida em bichedo desta laia. Procurei por «lagartixa» no Google e apareceu-me a imagem que já viram, parecidíssima com o bicho que eu resgatei. Afinal, esta era uma osga bebé!

Citando...

.... José Eduardo Agualusa, no seu fantástico «O Vendedor de Passados», que terminei de ler ontem:

«A realidade é dolorosa e imperfeita», dizia-me, «é essa a sua natureza e por isso a distinguimos dos sonhos. Quando algo nos parece muito belo pensamos que só pode ser um sonho e então beliscamo-nos para termos a certeza de que não estamos a sonhar - se doer é porque não estamos a sonhar. A realidade fere mesmo quando, por instantes, nos parece um sonho. Nos livros está tudo o que existe, muitas vezes em cores mais autênticas, e sem a dor verídica de tudo o que realmente existe. Entre a vida e os livros, meu filho, escolhe os livros.»


Frase da semana

Nas alturas críticas, há que tê-los no sítio.

20 setembro 2007

Desânimo

Acredito que são as pessoas que fazem as organizações. Nenhuma entidade corporativa existe sem aqueles que lá trabalham. Quanto mais sólida for a equipa, tanto melhor será o trabalho da entidade. Achava que tinha encontrado o meu lugar. Enganei-me. Tenho de emendar a mão, tão cedo quanto possível.

17 setembro 2007

Lobos e outros bichos

Os Lobos: é o nome pelo qual é conhecida a selecção nacional de rugby - a melhor selecção amadora do Mundo, a única amadora no Campeonato do Mundo, a decorrer em França. Emociona-me vê-los jogar. São a prova de que os sonhos realizam-se e de que o esforço, às vezes, compensa. São a prova de que os bons de verdade, não precisam de ser carregados ao colo. E mais do que tudo, são a prova da disparidade de tratamento que os media (e a TV em particular) dão aos diversos desportos - como já não bastava haver futebol ao fim de semana, ainda temos de papar com futebol a meio da semana e com os bichos do futebol nos dias que sobram.
Se entretanto houver eventos de outras modalidades, temos pena... transmiti-los, na íntegra, em sinal aberto, é que nem pensar! Já bem basta ter de noticiar vitórias e medalhas, quando elas acontecem :) E nessas alturas, lá levamos as mesmas imagens de injecção, vezes sem conta...

Quando é que fazemos todos um boicote aos canais em sinal aberto? O melhor era mesmo marcarmos uns dias de boicote à TV, em bloco!

O meu oftalmologista

Hoje não está a ser um grande dia... talvez por isso tenha ficado especialmente sensibilizada com a questão. Por outro lado, é verdade que tendemos a considerar que as pessoas são eternas, mesmo aquelas que não vemos com muita frequência ou a quem não somos particularmente ligadas. Liguei para o consultório para marcar uma consulta e ouço do outro lado: «O Dr. Gil faleceu.». Fiquei um bom bocado em silêncio, a absorver a notícia. O Dr. Gil era o meu médico desde os 13 anos, descobriu um problema raro que eu tinha na retina e tratou-o. Mesmo quando não me via com frequência, lembrava-se sempre de mim e das coisas de que conversávamos nas consultas. Fica uma homenagem sentida a um dos médicos mais atenciosos que conheci.

10 setembro 2007

Sodade II

O pontinho preto é a minha cabeça, no meu primeiro mergulho em Cabo Verde, naquelas que foram provavelmente as melhores férias da minha vida. Foi há um ano. Saudades!

07 setembro 2007

Colegas de casa

Afinal, elas não me vêem como uma potencial fornecedora de apetitosas migalhas para as suas provisões de Inverno. Desconfio que querem morar na minha cozinha, atrás de um azulejo. Sim, estamos a falar das formigas. Os meus repelentes biológicos tiveram um sucesso limitado... mas eu já divido a casa com os periquitos e não estou interessada em mais inquilinos animais! Isto exige pulso forte e acção química. Me aguardem!

05 setembro 2007

Canibalismo

Quando os recursos são escassos, corta-se naquilo que é mais supérfluo. Isto é verdade sempre, quer se fale na gestão da mesada que recebíamos aos 15 anos, do orçamento lá de casa ou do orçamento de uma organização. Quando a única solução encontrada é vender a mobília ou comer partes do que faz funcionar o estaminé, alguma coisa muito errada se passa. Canibalismo não, obrigada.

04 setembro 2007

Crónicas do apartamento VIII

E o que é que faltava no apartamento? FORMIGAS!!! Vi uma há dias, mas não liguei. Achei que andasse perdida... mas afinal, devia ser uma exploradora. Ontem tinha um carreirinho delas, a entrar por uma esquina entre um dos armários da cozinha e a janela. O que fazer, o que fazer? Tive uma ideia peregrina, adaptando algumas coisas soltas que tinha em mente, a saber:
  1. dizem que se um gato tiver a mania de se armar em «marcador de território» e urinar pelos cantinhos da casa, o melhor é colocar pimenta nesses sítios, porque lhe afecta o olfacto e lhe tira os apetites marcadores;
  2. li algures que a pimenta também afecta o olfacto dos cães de caça;
  3. as formigas seguem sempre o mesmo caminho por deixam pistas olfactivas, que as suas colegas de formigueiro detectam;
  4. é do conhecimento geral que o sal (de cozinha) esteriliza a terra;
  5. as formigas gostam de açúcar; por oposição, não devem gostar de sal!
E a ideia peregrina, afinal? Bom, à partida, formigas têm pouco a ver com cães e gatos mas, no fim de contas, é tudo bichedo. Vai daí que polvilhei o dito canto com sal e pimenta, moída na hora e tudo! E acho que resultou, pelo menos temporariamente. Entre o fim da noite de ontem e esta manhã, tinha muito menos formigas na cozinha. Mas vou comprar remédio para as despachar de vez, pelo sim pelo não: não tenho assim tanta fé nas minhas mezinhas!!!

29 agosto 2007

Onde está o Verão?

Nem sol, nem calor abrasador. Água do mar mais fria. Ventinho desagradável ao fim do dia. Dias cinzentos em Agosto! Sair de casa de casaquinho... sinto-me enganada, quero o meu dinheiro de volta :) Onde está o Verão verdadeiro?

27 agosto 2007

Postais de aniversário

Andava à procura de um postal de aniversário para um amigo que faz anos hoje. A escolha não me deixou particularmente animada - eis algumas observações em avulso:
  1. Determinados animais são bons felicitadores: os macacos, sobretudo os chimpanzés, têm lugar no pódio, seguidos por cãezinhos, gatinhos e porcos. Para quem não aprecia os mamíferos, arranjam-se patinhos, pintaínhos e desenhos de sapos.
  2. Se a capa do postal não tiver um animal, terá provavelmente, serpentinas, balões, um bolo de aniversário e/ou flutes de champanhe, em combinações diversas; também pode ter flores com ar de terem sido desenhadas para estampagem em pratos dos anos 40;
  3. Há ainda a versão «postal com o número de anos celebrados pelo receptor», com serpentinas e balões também.
Fiquei convencida que existem leis não escritas de pirosice obrigatória para estes artigos!

25 agosto 2007

Princesa da comunicação :)

A minha irmãzinha ainda não tem 3 anos. Esta manhã, preparávamo-nos para sair. Perguntei-lhe:
- Estás pronta?
- Não. - E corre para a sala.
- Que te falta? - pergunto eu.
- Falta-me o meu telemóvel!
Saca do seu telemóvel de plástico de dentro da arca dos brinquedos e mete-o no bolso.
- Mana, eu já estou pronta!

17 agosto 2007

Lobo hombre en Paris

Não me lembro de quando ouvi esta canção pela primeira vez. Sei que era esta versão ao vivo. Sei que gosto dela desde essa primeira vez. Hoje desencantei-a no fundo de uma das minhas pastas de mp3.

____________

Cae la noche y amanece en París.
En el día en que todo ocurrió.
Como un sueño de locos sin fin.
La fortuna se ha reído de ti.
Sorprendido espiando,
el lobo escapa aullando
y es mordido por el mago del Siam.
La luna llena sobre París
ha transformado en hombre a Denis.
Rueda por los bares del Bulevar.
Se ha alojado en un sucio hostal.
Mientras está cenando,
junto a él se ha sentado
una joven con la que irá a contemplar
la luna llena sobre París.
Algunos francos cobra a Denis.
Lobo-Hombre en París.
Su nombre Denis.

Efeméride

Foi há 3 dias, mas o que importa agora é o registo da data: no dia 14 celebraram-se 622 anos sobre a Batalha de Aljubarrota. A mesma em que o exército português deu uma coça descomunal aos castelhanos que, por acaso, nos queriam anexar ao seu território. A mesma em que uma tal Brites de Almeida, conhecida como a Padeira de Aljubarrota desatou à pazada aos castelhanos. Ai Brites, o que eu queria ter herdado a tua pujança :) Tenho para aqui muitos «castelhanos» a precisar de umas boas bordoadas!

16 agosto 2007

Adivinhem o que é o jantar...!

esparguete com chouriço e ovo
(receita a olhómetro)

esparguete
chouriço (sem ser de fumeiro de lenha)
azeite
alho
cebola
louro
orégãos
polpa de tomate ou tomate fresco
ovos (aproximadamente um por pessoa)
sal
pimenta (preta, de preferência)

Refoga-se a cebola, o alho e o chouriço às rodelas num bocadinho de azeite (pouquinho, porque o chouriço é gordo!). Junta-se a polpa de tomate ou o tomate sem pele, o louro e os orégãos. Acrescenta-se a água e o sal. Quando a água ferver, coloca-se a massa e deixa-se cozer. Quando a massa estiver al dente, juntam-se os ovos batidos e mexe-se. Rectifica-se o sal, junta-se pimenta a gosto e mais orégãos.

14 agosto 2007

Pérola queirosiana

Eu adoro Eça de Queiroz. Ando há tempos para postar uma citação de que gosto particularmente:

«... o Pessimismo é uma teoria bem consoladora para os que sofrem, porque desindividualiza o sofrimento, alarga-o até o tornar uma lei universal, a lei própria da Vida; portanto lhe tira o carácter pungente de uma injustiça especial, cometida contra o sofredor por um Destino inimigo e faccioso! Realmente o nosso mal sobretudo nos amarga quando contemplamos ou imaginamos o bem do nosso vizinho - porque nos sentimos escolhidos ou destacados para a Infelicidade, podendo, como ele, ter nascido para a Fortuna. Quem se importaria de ser coxo - se toda a humanidade coxeasse? E quais não seriam os urros e a furiosa revolta do homem envolto na neve e friagem e borrasca de um Inverno especial, organizado nos céus para o envolver a ele unicamente - enquanto em redor toda a humanidade se movesse na luminosa benignidade de uma Primavera?»

in A Cidade e as Serras

13 agosto 2007

Estrelinha

É giro, é intenso, tem pinta! Também tem a mania que pode dizer e fazer o que quiser impunemente... mas é uma estrelinha :) Ontem vi o Live @ Knebworth e fiquei impressionada: pela quantidade de pessoas presentes e pela emoção do Robbie Williams perante aquela gente toda. E Come Undone é uma grande canção, com uma letra estrondosa. Continua a ser uma das minhas preferidas, em registo bitter-sweet, como seria inevitável num texto destes.




So unimpressed but so in awe
Such a saint but such a whore
So self aware so full of shit
So indecisive so adamant

I'm contemplating thinking about thinking
It's overrated just get another drink and
Watch me come undone

(come undone)
They're selling razor blades and mirrors in the street
(come undone)
I pray that when I'm coming down you'll be asleep
(come undone)
If I ever hurt you your revenge will be so sweet
Because I'm scum, and I'm your son,
I come undone
I come undone

So rock and roll, so corporate suit
So damn ugly, so damn cute
So well-trained, so animal
So need your love, so fuck you all

I'm not scared of dying
I just don't want to
If I´d stop lying I'd just disappoint you
I come undone

(come undone)
They're selling razor blades and mirrors in the street
(come undone)
I pray that when I'm coming down you'll be asleep
(come undone)
If I ever hurt you your revenge will be so sweet
Because I'm scum, and I'm your son,
I come undone

So write another ballad
Mix it on a Wednesday
Sell it on a Thursday
Buy a yacht by Sunday
It's a love song
A love song

Do another interview
Sing a bunch of lies
Tell about celebrities that I despise
And sing love songs
We sing love songs
So sincere

So sincere

(come undone)
They're selling razor blades and mirrors in the street
(come undone)
I pray that when I'm coming down you'll be asleep
(come undone)
A young pretender and my crowds above can see
I come undone
I am scum
Love your son
You gotta love your son
You gotta love your son
You gotta love your son
Love your son
I am scum
I am scum
I am scum

As putas do senhor



Ando um bocado dispersa nas minhas leituras :) Em pouco tempo, tive dois «despertadores de apetite» para ler este livro. Como apetites literários são coisas sérias, tratei de me fazer a vontade e adquiri o dito. García Márquez escreve os amores de um homem de 90 anos, retratando-os de forma menos sórdida do que o título sugere. É pequenito e lê-se bem. Gostei.

10 agosto 2007

Platoon


Era miúda quando vi este filme pela primeira vez. Creio que foi o primeiro filme que me fez perceber que a guerra é uma situação de excepção em que muito do que existe de melhor e de pior num ser humano se revela, em condições que nem consigo imaginar a sério, porque não sei o que é a guerra real. Dizem que a guerra muda as pessoas. Dizem que na guerra vale tudo, porque o importante é sobreviver.
Há muito tempo que andava atrás deste filme em DVD - estava esgotado em todas as lojas onde procurei, e nem de encomenda se arranjava. Hoje tive a sorte de o receber pelo correio: um amigo enviou-mo de surpresa, depois de meses de busca por todo o lado. Ao amigo, o meu enormíssimo obrigado! Em tudo, tu és excepcional :)

08 agosto 2007

Mais um livro



Dizem que sou emocional, que tenho mau-feitio, que me salta a tampa com alguma facilidade. Ontem disseram-me que tenho um dispositivo chamado refilómetro, que dispara aleatoriamente e que anda particularmente activo. Daniel Goleman escreve que o cérebro humano foi concebido para ser social e se relacionar com outros cérebros e que estas relações têm influência directa no comportamento do nosso organismo, até do ponto de vista imunológico. Os comportamentos próprios ou alheios influenciam não só o nosso estado de espírito, mas também o nosso estado físico. Se soubermos gerir os nossos comportamentos sociais estaremos mais aptos a uma vida saudável. Será? Ler para crer! Ou, pelo menos, para perceber os argumentos do senhor a fundo. Numa fase especialmente stressante e turbulenta, não há como experimentar :)

06 agosto 2007

Acabei


Acabei de ler hoje Baía dos Tigres. É o relato, brutal por vezes, da viagem que Pedro Rosa Mendes fez entre 1997 e 1998 através do continente africano, ligando o Namibe (Angola) a Quelimane (Moçambique), recriando a viagem de Ivens e Capelo. Numa prosa que choca e que comove, o leitor é guiado de uma forma aparentemente aleatória pela viagem, entre os perigos de uma guerra viva em Angola e os imprevistos de um caminho longo. Uma viagem de exaustão, de medo, de fome e de incerteza sempre presentes ou à espreita. Uma viagem povoada de personagens de ocasião, passageiros do caminho, marcos da viagem, de estórias de abandono e resistência para além do que nos parece razoavelmente humano, de seus testemunhos chocantes, de uma coragem sem limites. Uma viagem que também é um impressionante registo de retalhos de vida. Cruel. Terno. Comovente. Intenso. Quase surreal. Das melhores obras portuguesas contemporâneas que conheço.

31 julho 2007

ihihih!

Ao telefone:
(funcionária) - Chefe, preciso de um favorzinho pessoal.
(chefe prestimoso) - Diga, diga! Terei todo o prazer em ajudá-la!
(funcionária) - Tem por aí uma minuta de requerimento para admissão a concurso de selecção de pessoal?
(chefe engasgado) - Mas, mas... está a pensar concorrer a outros empregos?
(funcionária sorridente) - Ó chefe... se eu não correr atrás de oportunidades, elas não correm atrás de mim!

30 julho 2007

ACABEI!

Sim, já sei quem morre no final. E não, não saltei partes para descobrir mais cedo! Desta vez, consegui conter-me. Ainda estou a descobrir se gostei ou não, a sério. No geral, sim, gostei. Fui surpreendida por alguns pormenores. Não gostei de algumas coisas. Terminei o sétimo livro do Harry Potter! Para quem não gosta, ou não conhece o conjunto da obra e mesmo assim aprecia dar umas tesouradas à Pottermania, escreverei um post brevemente. Pode ser que os ajude a perceber a onda :)

Fui.

Visitar o Museu Colecção Berardo. Gostei. Arrumadinho, arejado, com peças fantásticas. Grande demais para ser absorvido numa só visita. Gostei das cadeirinhas a jeito em cada piso, disponíveis para serem levadas pelos visitantes e utilizadas onde lhes apetecer parar. Gosto de conforto! Regressarei em breve. Para alguma coisa de jeito me há-de servir ser funcionária pública: entradas à borla até ao final do ano. IUPI!!!

Não fui.

Estava pronta para ir ao FMM, mas não fui. Sines, talvez para o ano! Organizadinho, com caminha garantida :) É que o que me impediu foi mesmo a perspectiva de ir meio à sorte para um terriola entupida de gente, sem ter alojamento marcado. Dormir no carro não me encanta e no campismo temo a espondilose! Chamem-me comodista, que eu assumo! A propósito disto, lembrei-me de uma expressão da minha mãe, que costuma dizer, nestas altura de férias, que vai para todo o lado e não se importa de comer do que houver mais a jeito, contanto que a boa caminha esteja garantida. Mãe, tu estás em grande! Mãe, tu viste a luz muito antes de mim :D E ainda dizem que as mães nunca têm razão...!

Tinha-me esquecido...

... do quanto gosto deste álbum.


O que é um sinal evidente de que isso de associar acontecimentos/pessoas a uma determinada «banda sonora» nem sempre é uma ideia excepcional.

27 julho 2007

Jazz moderno

E.S.T.: Esbjörn Svensson Trio. Sueco. Jazz. Um bocadinho fora da minha praia? Pois, eu também achei. A minha irmã disse que eles eram bons, e eu precisava de alargar os meus horizontes, depois de uma semana de processos, carimbos e dedeira. Fui. Gostei.
Talvez não seja o género de música que ouça todos os dias. Mas agora, de novo na minha salinha, com um computador novo e dois meses de trabalho em atraso, sabem-me muito bem!

Aí vou eu!

Festival Músicas do Mundo de Sines!!! Estou de mala e cuia, aviadas em tempo record :) Com alguns itens em falta, é certo... mas nada que não se resolva! Tenho grande curiosidade em ver o concerto do Rachid Taha, à meia-noite e meia, no Castelo de Sines. Se ficar para sábado, o programa incluirá praia à tarde e concertos à noite. Como alternativa a limpezas de fim-de-semana não está nada, nada mal!

20 julho 2007

Esta noite!

À meia-noite e um minuto, muitas livrarias do país estarão abertas para vender Harry Potter and the deathly hallows. Estou a considerar seriamente a possibilidade de me juntar à corrida. Afinal de contas, sou fã, tenho todos os outros livros da saga e estou há dois anos há espera deste! Único senão: trabalhar amanhã cedo...

19 julho 2007

Ascenção na carreira...

... ou não, depende do ponto de vista e do humor da altura!

Primeiro, devo apresentar o meu mais recente instrumento de trabalho:

Isto são dedeiras de borracha, utilizadas no manuseamento de papel. Ah, pois é!
Achava eu que fazia uma grande coisa no trabalho... balelas! Esta semana, descobri um outro lado do funcionalismo público, aquele em que se executam tarefas mecânicas. Desenganem-se, se acham que não há nada que aprender.
Comecei por inserir dados. Inserir dados é uma tarefa de poder, porque estamos a participar no futuro do aluno. Tem o seu ponto mais alto naquele momento em que se descobre que determinado aluno não tem acesso àquela época de exame e está a tentar enganar o sistema. Nesses momentos, o bom funcionário murmura com os seus botões: «cambada de vigaristas, pensam que me enganam!», ao mesmo tempo que continua a inserir dados.
Depois, descobri o carimbo: em cada processo, é preciso carimbar. É uma tarefa com um poder simbólico imenso: carimba-se e assina-se por cima, demonstrando a nossa eficiência enquanto funcionário! Dá um certo orgulho, desfolhar processos e ver lá pelo meio a nossa assinatura por cima de um carimbo :D
Mas o melhor mesmo é dedeira - a delícia começa no ritual da prova da dedeira: «Ai dótora, temos de experimentar, porque a dótora é pequenina mas pode ter os dedos gordinhos!». Escolhido o artefacto adequado, há que ganhar-lhe o jeito: depois é ver o papel a voar a velocidades estonteantes nas nossas mão! E voou, de facto: levei horas do meu dia a ordenar pedidos de inscrição em exames por número de aluno.
Mais um bocadinho, e posso ir trabalhar para uma dessas repartições públicas onde parece que toda a gente se arrasta e não faz pevide... Experiência começa a não me faltar!

17 julho 2007

Parte do mecanismo



Ainda sem computador no trabalho, procurei o que fazer. Acabei a inserir dados no sistema de gestão de alunos. Sinto-me como uma pequena roda dentada - giro, giro, giro, sem fazer perguntas nem perceber para que raio serve o que estou a fazer. Sou uma parte do sistema!

27 junho 2007

Proactividade a todo o vapor

Dizem que quem não se chega à frente não ganha nada, não é? Pois então, hoje cheguei-me à frente para tentar arrancar uma merecidíssima «promoção» que, no que me diz respeito, não é mais do que um mero re-estabelecimento do que é justo e honesto. Vamos ver!

25 junho 2007

Pequenos Prazeres II

  • As dádivas da minha família;
  • uma caminhada;
  • presentinhos;
  • uma boa conversa ao almoço;
  • completar uma tarefa;
  • as coisinhas boas da padaria da esquina.

21 junho 2007

eu queria um par de patins...



.. para fora do meu posto de trabalho. Estou novamente sem computador, depois de um curto período com um computador de substituição que levava eternidades para fazer quase tudo e parava quando lhe colocava uma pen. Tenho de cumprir o horário. Ouço música. Leio. Passeio por blogs. Vamos ver quanto tempo dura isto.

Pecados



Gula. Luxúria.

Como diz?

Deve ser estranho, para os meus vizinhos de autocarro, devo reconhecer... eu a cantarolar em dialecto do Mali. Mas é inevitável!!! M'bemba é o álbum do momento, e não há volta a dar-lhe :D Nem vos conto o quanto eu danço sub-repticiamente nestes momentos!

18 junho 2007

Corridas

Entre cerca de 920 kms de viagens, encontrei e despedi-me de uma amiga, fui a um casamento, revi pessoas que não via há muito tempo, matei saudades, regressei a locais que me são queridos, recebi um presente inesperado, exasperei-me com a curiosidade de uns e a imbecilidade de outros. Em muitas ocasiões, senti que o fim de semana foi uma espécie de dejá vu com alucinogénios, em que realidades diversas se misturaram. Aprendi o que eram chegas de bois. Um dia, quero ver uma. Ainda acho que devia ter trazido o cartaz maravilhoso que anunciava uma chega! Apanhei imensa chuva. Amaldiçoei o criador das mules, que me deixaram os pés encharcados. Comi imenso. Bebi Alvarinho. Pensei na vida. Cantei no autocarro de regresso. E conclui, qual Dorothy de pés molhados que «there's no place like home».