03 agosto 2006

Foi como foi

Se foi há anos,
Ou dias,
Não sei.
Nem quantas vezes te cheirei
No ar da manhã.

Nem quantas vezes
Te vi
Despertar
Pensando que essa foi a noite
Melhor de se lembrar

Depois da vez em que o silêncio
Nos quis acompanhar
Pelos segredos
Que julgamos contar.
Em que nas mãos, os nossos olhos
Souberam desvendar
Dentro do escuro a alma
Não se pode ocultar.

Foi como foi.
Como se o céu um dia
Se abrisse em dois.
Foi como foi.
Como se a terra
Nos prendesse e soltasse depois.

A lua via
O sol acordar,
Ficava às vezes até tarde
Só para o ver deitar.

E juro um dia
Que o vi alugar
Um quarto de motel na Via Láctea
Com vista para o mar.

Estremeci ao ver que o tecto
Não tinha para ver
Nem uma telha aberta para espreitar.
Eu alucino ou quase, sempre
Que me deixas pernoitar
Nesse motel da Via Láctea
Com vista para o mar.

Quero rever-te em cada dia
Como revi o futuro
Já que o futuro sorria.
Quero um futuro por dia
Já que o passado nos deixa
Vários futuros na vida.


______________

o meu centésimo post tinha de ter uma letra de música :)
estava a trautear esta canção do Luís Represas há bocadinho. traz-me muito boas memórias - ouvir isto a torto e a direito nos meus anos de residência; alguns dos concertos mais aguardados da minha vida; horas de estudo, momentos de evolução, amizades que ficam, relações que terminam, mudanças, fins de ciclo. percebi que não vale a pena andar zangada com o correr da vida. tudo acontece por um motivo, nem que seja para nos educar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Este poema é um original teu? É que sendo assim, o "post fácil" já não é tão fácil;)

Anónimo disse...

ai ai ai

o boi-cot está a ganhar identidade própria!
parece que veio para ficar!

tenham medo! tenham muuuuiiito medo!