26 março 2007

É o país que temos?

Um programa de televisão propôs-se eleger, por via de votação pública, o maior português de todos os tempos. Pessoalmente, considero a ideia imbecil, ponto final. Mãe até pode só haver uma, mas portugueses já são uns milhõezitos ao longo da História, e escolher só um é um bocado... parvo!
Para grande surpresa de uns e outros, o mais votado de todos foi o Prof. António de Oliveira Salazar. Tendo em conta que:
  1. logo na lista dos 100 mais votados apareceu uma quantidade impressionante de candidatos improváveis;
  2. a história não é um forte da maior parte das pessoas;
  3. nos curricula académicos, a parte relativa ao Estado Novo passa quase em brancas nuvens;
  4. a memória política não é o forte da maioria das pessoas que vota neste género de programa;
  5. ainda há muito boa gente que pensa que «no tempo do Salazar é que era...!»,
estes resultados não chocam assim tanto. Por outro lado, é voz comum que as figuras autoritárias marcam, para o bem e para o mal. E no nosso país....

O nosso país «engole» alegremente tudo e mais alguma coisa. A pérola do momento é outro programa de televisão, intitulado «A Bela e o Mestre», no qual umas quantas candidatas supostamente bonitas mas não muito escolarizadas e/ou cultas são emparelhadas com senhores muito escolarizados mais feiotes e com poucas aptidões sociais. O objectivo desta maravilha televisiva é formar pares sólidos ou equilibrados, sujeitos a votação pública. Obviamente, há um prémio em dinheiro. Resta acrescentar que toda esta gente vive num casarão onde são filmados e seguidos diariamente. No fim de contas, é o Big Brother das burrinhas e dos espertinhos, com direito a emissões semanais longas e em directo, nas quais os pares prestam provas da sua cada vez maior (?) aprendizagem mútua.

Palavras para quê?

2 comentários:

IronMan disse...

Gaita que andas inspirada!

À cerca disto tenho a dizer que há uma grande confusão entre o melhor e o mais influente.
As influências podem ser positivas ou negativas.
Assim, ainda não descobri ninguem que defendesse o resultado, apesar de eu achar que isto é uma palhaçada.
Por outro lado escolher o melhor Portugues de sempre é como perguntar qual a invenção mais importante na Historia da humanidade.
Uns dirão o fogo, outros a roda.
E porque não a bomba atómica?
Se calhar será o nosso fim...

Tudo isto demasiado vasto para se reduzir a uma mera votação por SMS.
É ridiculo!

Há ainda que contar com os votos de revolta. Ou seja o pessoal nem quer saber do Abutre. Só não gosta do que está a acontecer no presente e como tal hajem ao contrario do sistema.

Outra coisa engraçada é a maior parte do pessoal que diz "Dantes é que era!" nem viveu nesse tempo...

Por isso acho que estamos a perder tempo.
Isto amanhã já passa e pra semana há um Benfica-Porto e jáninguem se lembra deste circo!!

Beijos e abraços!

Gimli disse...

como diziam algures...

«Salazar sucede a Sabrina, José Castelo Branco e Zé Maria. São os quatro nomes que venceram os programas de entretenimento e concursos de “voto popular” na TVI e RTP.» :D