20 março 2007

O mal do século

Diz um amigo meu que o mal emocional do século é não sabermos o que queremos. Andamos para a frente, andamos para trás e não saímos do mesmo, sempre enredados nos «e ses», nos «mas...» e nos «talvez». Pensamos demais e vivemos a menos. Temos medo de arriscar nas horas cruciais. E quando vemos que perdemos aquela pessoa lamentamo-nos como se não soubéssemos que aquilo teria de acontecer, mais cedo ou mais tarde.
Na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma - é a Lei da Conservação da Massa, ou Lei de Lavoisier, uma das poucas recordações que tenho da minha professora de Fisico-Química. Aprendemos sempre com cada amor, assim como aprendemos sempre com cada desamor. Os afectos regeneram-se e reciclam-se. Parece uma explicação um bocadinho utilitarista, mas não é. Se os seres humanos são criaturas de afectos, como eu creio, arranjam sempre forma de gostar de alguém. Se não for de fulano, será de sicrano ou de beltrano. E isto sem ordem de preferências: sicrano ou beltrano não são escolhas de recurso, são somente pessoas que apareceram em momentos diferentes da curva de aprendizagem de cada um de nós. E são, muito possivelmente, pessoas que valorizaremos mais, por tudo o que aprendemos até então.

8 comentários:

Calíope disse...

Será que inicialmente sicrano e beltrano não eram mesmo uma escolha de recurso que acabou por ir mais longe do que teríamos esperado?

Borboleta disse...

Cara Calíope:
Nada é absoluto/eterno. Ou, em alternativa, tudo é absoluto/eterno enquanto dura. Isto é um dogma: ou acreditas ou não :D eu acredito que é assim.
por mim, nada é eterno e imutável, menos ainda os afectos. Fulano é maravilhoso quando o conhecemos aos 14 anos, mas será um imbecil aos 30; sicrano foi perfeito na faculdade, mas depois não perdeu os últimos vestígios de puerilidade; beltrano será ultra-interessante numa festa e depois revelar-se-à um anormalzão de marca maior.
no fundo, não existem príncipes perfeitos, existem príncipes possíveis. raríssimos são os casos em que duas pessoas que já foram perfeitas juntas se mantêm assim pela vida toda. evoluímos, desejamos coisas diferentes... e ficarmos ou não com o «primeiro, único e eterno amor» [para quem acredita nessas coisas...] é acima de tudo uma questão de sorte, de paciência e de resistência, entre outros factores.

Deusa do Caramelo disse...

Cara Borboleta

Não podia concordar mais contigo. O que ontem nos parecia bestial, depressa vira besta. Ou vice-versa.
O interesse está em conhecer alguém que, como nós, sabe que tudo se modifica e mesmo assim tenta, luta e ama. Straight. Clean.

Castanha, tu sabes que eu sou uma pessoa do amor...não necessariamente com uma cabana. Mas com muito amor!

tiagugrilu disse...

Subscrevo, borboleta.

No entanto, as recordações que tenho da minha professora de Fisico-Quimica são bem diferentes:

- A mulher arrancava as sobrancelhas à mão, para se distraír, e chegava às aulas com a meia dúzia que lhe sobrava. Como se isso não bastasse, todos os dias arrancava um bocado da parede da escola com o jipe...

Agora explica-me: Segundo Lavoisier, em QUE É QUE SE TRANSFORMAM AS SOBRANCELHAS E OS CACOS DE PAREDE????!!!!

=)

Besos!!!

(p.s.: tenho que controlar esta mania de dizer diparates nos blogs das pessoas normais...)

Tiago

Calíope disse...

Cara Borboleta,

Eu concordo plenamente com o que disseste, mas não acho que a tua resposta tenha muito a ver com a minha questão.
Trata-se mesmo da aplicação do tudo se transforma: a solução de recurso passou de tapa-buracos a gadget que faz falta a qualquer momento e em qualquer situação.

Borboleta disse...

Cara Deusa:
Castanha Sócia! tu estás lá :)

Grilu:
tu és uma criatura do caos! vou remeter a tua questão ao próprio Lavoisier, da próxima vez que tiver um momento Linda Reis :P

Cara Calíope:
A questão não se põe mesmo em termos «quem não tem cão caça com gato».
Os afectos não são corridas :) Não se trata nunca de descobrir os encantos da segunda dama-de-honor depois de perder a miss Portugal e a primeira dama-de-honor!

IronMan disse...

Dasss...

Esta cena tem alguma coisa a ver comigo?!

Kukla disse...

Menina.entrei aqui e encontri mais um texto para o momento que estou vivendo. Parece que sem me conhece vc me entendeu. estou na fase do desamor. Perdi um amor, na esperança de encontrar um novo amor. Vivi cada mmento e estou aqui, em frangalhos, mas feliz pois cada momento foi único.
Um beijo, visite meu blog:
http://bolshaia.blogspot.com/