14 março 2006

porque às vezes as pessoas são mesmo muito estranhas...

eu sou muito emotiva. isto escapa à maior parte das pessoas, mas no fundo, eu sou incrivelmente Amélia. e de onde é que isto vem? estava a ver um episódio de uma das minhas séries preferidas - sex and the city - e acabei de lágrima no canto do olho. um dia destes, explico porque é que gosto tanto desta série... ou não :) adiante, porque isto não faz parte do que eu quero dizer agora...!

o episódio que vi agora tratava o assunto das relações falhadas por dificuldade de assumir compromissos. a Samantha perdeu o Richard por precipitação, ao saltar para um snack carnal depois de perceber que ele não estava numa de assumir mais a sério a relação dos dois, a qual tinha tomado entretanto, dimensões afectivas que ela não esperava desenvolver.
e a Carrie perdeu o Aidan, depois de ter aceitado o pedido de casamento dele, sem conseguir ir avante com o assunto. o episódio termina com uma cena que eu achei profundamente comovente, apesar de agora soar meio piegas: o Aidan decide ir dormir para o apartamento ao lado do da Carrie, que ele estava a reformar para viverem juntos. e a meio da noite, ela foi ter com ele, deitou-se, encostou-se e ficou... sem palavras, porque às vezes diz-se mais em silêncio. no dia seguinte, ele mudou-se... e se a minha memória não falha, é assim que termina a relação destes dois. sim, eu já vi episódios mais à frente, porque isto vai dando em vários canais ao mesmo tempo :)

onde é que eu quero chegar? a uma daquelas verdades de la Palisse: muitas pessoas maduras, inteligentes e independentes acima da média, têm uma terrível incapacidade de perder um pouquinho do têm como adquirido - a.k.a. espaço, liberdade, autonomia, independência - em troca de uma vida mais incerta e, acima de tudo, diferente, a dois. paradoxalmente ou nem tanto, lá no fundo, estas mesmíssimas pessoas querem ser amadas e querem dividir: pertencer sem ter dono, partilhar sem fiscalização posterior, estar solto, mas profundamente amarrado.

somos cada vez mais individualistas - há tempos, em conversa com um amigo, ouvi-o arguir que as relações são actualmente menos duradouras porque as mulheres começaram a ter outra vida para além das quatro paredes de uma casa e do horizonte reduzido de uma família para gerir. isto, sem desprimor para quem opte por este estilo de vida... a crescente independência das mulheres alterou a relação de paridade tradicional de um casamento ou de uma relação, onde os papéis de cada actor estavam definidos até a este grito do Ipiranga feminino :)
honestamente, não sei se a questão passa só por aí. é verdade que as mulheres querem mais e melhor agora, e têm uma facilidade nunca antes vista para sair de relações insatisfatórias. na minha opinião, porém, a questão não é de géneros, nem tem que ver com papéis: é antes, uma espécie de programação com erro. tanto estamos talhados para o sucesso, que facilmente fechamos a porta quando as nossas expectativas não são 100% satisfeitas... e esquecemos que as relações são compostas de indivíduos cujas vontades nem sempre são coincidentes.

soluções à vista? eu não tenho verdades absolutas, e ainda estou a estudar hipóteses :)

  1. assumir é uma boa alternativa - assumir, no sentido de fazer uma escolha consciente de uma determidada postura, definitiva enquanto durar, e viver com isso, o mais na boa possível.
  2. apostar na dúvida razoável: em caso de dúvida, para um lado ou outro, não fazer nada que seja demasiado complicado ou penoso desfazer. atenção, que dúvida razoável é uma coisa, e arrastanço são outros 500!
  3. ser paciente: cada pessoa tem o seu ritmo e, às vezes, não o conhece como julgava, ou acha que lhe pode dar um empurrãozinho... esqueçam lá isso, provavelmente não resulta.
  4. e, para os românticos... acredito que há pessoas capazes de aturar até os mais difíceis, com todas as suas peculiariedades - e há vários métodos de busca e selecção à disposição... mais uma corrida, mais uma viagem :D

4 comentários:

Anónimo disse...

nada como um organigrama mental para estabelecer orientações ou estragar tudo lol
parabéns!
bjs,
FJ

LadyBOO disse...

e para os românticos???
que raio de conversa é essa!
ou gostam de ti como és ou não gostam...
e se não gostam é porque também não merecem e blá blá blá!
cá capacidade para aturar peculiaridades!!

tem dias...

Borboleta disse...

Ladyboo, os românticos são os outros, não sou eu! a quarta opção não indica que alguém tem de mudar em favor de outra pessoa. é uma opção para não desanimar os românticos, porque há pessoas e gostos para tudo... e mais cedo ou mais tarde, quase toda a gente encontra a sua metade da laranja :)

LadyBOO disse...

e enquanto isso não acontece sempre podemos ir contando com o meio limão, misturado com muuuito açúcar e muuuita cachaça!

ahahah!

VENHA A CAIPIRINHA!

que nas dores de cabeça pensamos depois!