Ontem caiu uma cria de pássaro de um ninho localizado à porta do meu local de trabalho. É tão pequeno que não conseguimos determinar a espécie, tem os olhos fechados e pia baixinho. Dá pena, é verdade... mas não há nada a fazer.
A minha colega não pensa como eu e decidiu apanhá-lo, não para que ele não morresse, dado que a probabilidade de salvá-lo é remota, mas para que morresse uma «morte digna, sem as formigas a picá-lo». Alimenta-o a pão, com uma pinça, e dá-lhe pingos de água. Deixou-o cá durante a noite, dentro de um cinzeiro revestido a papel higiénico e po-lo ao sol há pouco, porque o bicho tem frio.
Isto está a deixar-me doida porque, se por um lado tenho pena do bicho, por outro acho que a Natureza tem as suas leis e se o bicho caiu, deixá-lo morrer depressa, em vez de prolongar uma vida que não vingará de qualquer forma.
Se isto me torna desumana, pois seja. O que não percebo é esta humanidade feita de adiar o inevitável. Se por acaso o bicho viver mais uns dias, até ao fim-de-semana, o que é que lhe vai fazer? Levá-lo para casa? Duvido. E se por um acaso ainda maior ele sobreviver mesmo, quem é que o ensina a voar? Ninguém. Então não era melhor não meter o bedelho no assunto?
14h11: O pássaro morreu, como seria de esperar. A Natureza tarda mas não falha.
1 comentário:
Eu acho que eu também cuidaria do passarinho. Embora fosse a última coisa que eu faria. A penúltima era ver se não havia uma alma mais caridosa que eu para fazer este serviço. :)
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