Hoje é julgado o único «adulto» que protagonizou o chamado caso Gisberta. Em resumo, um grupo de rapazes atacou repetidas vezes um transexual doente, que vivia na rua. A certa altura, acharam que a pessoa estaria morta e decidiram deitar o corpo num fosso. Acabaram por confessar a história depois de pressionados para explicar o atraso às aulas (!)
Do grupo de 14 atacantes, só um já tinha mais de 16 à data dos acontecimentos, podendo por isso ser julgado como adulto. «Os restantes 13 menores envolvidos na morte de Gisberta foram julgados pelo Tribunal de Menores do Porto, que, em Agosto de 2006, os condenou a penas que variaram entre os 11 e os 13 meses de internamento, em regime aberto e semiaberto. Dois deles, indiciados apenas por não terem auxiliado a transexual, quando esta era continuadamente agredida, receberam acompanhamento educativo durante um ano. A maioria já regressou às famílias. Apenas um, que recorreu da pena, está actualmente num centro educativo.» - in Público.pt, edição de hoje.
Bem sei que a Justiça deve ser impessoal e passível de aplicação a todos os casos, mas há regras que me deixam doida. Esta regra geral que impede que 13 destes meninos não possam ser punidos criminalmente é... muito difícil de aceitar. Compreendo que a ideia geral desta norma seja a de proteger os jovens. Mas quando um jovem comete um crime contra a vida e a dignidade de outra pessoa, passou uma determinada marca, o que lhe deveria retirar o direito a esta protecção especial, senão de forma automática, pelo menos depois de uma avaliação que pudesse determinar a sua capacidade de avaliar a gravidade do que fez.
Pior é pensar que Gisberta foi vítima da crueldade que resulta do preconceito, da ignorância e da falta de educação destes jovens. Falo de educação, daquela que se recebe em casa e que ensina os jovens a serem tolerantes e a respeitarem a diferença, seja ela de que natureza for. A mesma educação que falta a tantas pessoas com quem lidamos todos os dias e que olham fixamente (e que troçam...) para qual pessoa diferente, seja ela deficiente, de outra raça, de outra opção sexual.
5 comentários:
Tiro o meu chapeu a este teu post
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