31 março 2006

Vandalismos bem intencionados

há alguns anos, escrevi com uma amiga um texto chamado «perguntas vândalas». servia o dito para exemplificar um conjunto alargado de perguntas que nos são feitas no dia a dia, em domínios vários, e respectivas respostas à parva :)

por exemplo:
P: então, estás bom/boa?
R: não, não. hoje acordei com os pés destapados e não me sinto lá muito bem disposto/a por causa disso.
e digo eu: quando nos perguntam isto querem mesmo saber como estamos, ou é um mero pro forma? eu aposto no pro forma, mas não precisam de concordar comigo... se de cada vez que nos perguntam isto déssemos uma resposta séria, elaborada, congruente com o nosso estado de espírito, qual seria a reacção do nosso interlocutor? aposto que ficaria a olhar para nós, aparvalhado com a quantidade de informação recebida ante uma pergunta tão simples.

outra:
P: por onde tens andado?
R: pá, acabei de voltar da casa de banho. sinto-me muito mais aliviado/a agora!
e a sério: quererão mesmo saber que a minha vida é basicamente casa-trabalho & trabalho-casa, ou estão mais uma vez a perguntar por perguntar?

no capítulo das sugestões:
S: - diverte-te!
R: - quê, faço o pino? atiro confettis? quem desligou a música?
sim, eu sei. quem diz isto é bem intencionado e pretende terminar uma conversa de forma positiva. mas diverte-te?!?!! pior do que isso, só os célebres «porta-te bem!» ou «vê se ganhas juízo!».


hoje ligou-me um amigo e perguntou-me como é que estava. não querendo pensar muito na vida, respondi «estou óptima!». não sei se estou ou não. mas isso agora não vem ao caso :) o que importa é que resolvi o assunto depressa e pudemos continuar a conversa!

2 comentários:

Calíope disse...

Respostas ainda piores a perguntas más:
P: Então, estás boa?
R: Não! Eu SOU boa! (Deus lhes perdoe porque eles não sabem o que fazem!)

P: Por onde tens andado?
R: Em lado nenhum, é sempre trabalhp, trabalho... (Para misérias, já nos chegam as nossas!)

S: Porta-te mal!
R: ? (Como é que se responde a uma coisa destas? Sugestões:
1) Sim, claro/sempre.
2) Ok, vou tentar.
3) Não, claro que não.
4) Achas?!
5) Como fui possuida pelo demónio, não tenho opção possível. Obrigado por te lembrares do meu dark side!
6) NS/NR

IronMan disse...

Bem, essa é típica dos Portuguses.
Aqui à uns tempos estive até altas horas (imaginas com quem...) a dissecar a questão. Mais futil que a pergunta é o obvio da resposta:

P: Como estás?
R1: +/-
R2: Assim, assim
R3: Baissandando (cá do norte carago)

Um estudo diz que este tradicional péssimismo tem a ver com as influências Celticas. No norte da Europa, na Irlanda e em algumas regiões Francesas há comporamentos semelhantes.

Quanto à depedida, a minha preferida sempre foi:

"Porta-te bem... se não tiveres mais imaginação."

Beijo