Dei por mim a meditar vagamente no facto de não poder livrar-me de mim.
Toda a gente já teve fases em que achou, por um motivo ou por outro, que esta vida é um vale de lágrimas e que o melhor era partir para outra. Até eu. O mal é que, não tendo veia dramática suficientemente desenvolvida, acabava a rir dos meus próprios cenários suicidas.
Meter a cabeça no forno, por exemplo, foi um método excluído por falta de meios: seria eficiente, caso existisse um forno a gás na casa em que cresci.
O clássico corte das veias é infalível nos filmes, mas tenho horror a facas e só de pensar em ficar com cicatrizes feias nos pulsos... socorro!
Enforcar-me? Se não fosse baixinha, não tivesse medo das alturas, e soubesse fazer um nó de correr, ainda vá. Mas sem isso, nada feito.
Sobra o cocktail de comprimidos, mas também não é para mim, sempre com medo do ridículo de acordar no hospital por ter falhado a dose.
Bottom line? A suicida em potência que existe em mim sucumbiu ao medinho :) Medinho de tudo e mais alguma coisa - do insucesso, de me arrepender a meio (tipo já com um pulso meio cortado), de não saber o que vem a seguir, de ficar feia no caixão, das minhocas e do bichedo que vive debaixo da terra.
E visto à distância, ainda bem!
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