06 agosto 2008

Conversa de circunstância

Ela (colega de escola, daquelas que não se destacavam por nada)
- Borbie, já não te via há tanto tempo! Estás mais forte...!
Borbie afivela o sorriso amarelo e responde uma banalidade qualquer. Numa realidade paralela, deveria ter respondido:
- X, estás na mesma: feia, mal-jeitosa, gorda e, para cúmulo, chatíssima!

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Nos últimos tempos apercebi-me que a maioria das pessoas da categoria «não totalmente estranhos, mas indiferentes» (leia-se conhecidos dos meus pais, vizinhos, colegas de escola, empregada do café da esquina e por aí) com quem cruzo por acaso, tendem a fazer conversa mole. Falam do aspecto físico, perguntam pelo casamento, os filhos, o curso, a profissão. Criticam o governo, o aumento do custo de vida e os transportes públicos. Queixam-se disto e daquilo. Têm opiniões e emitem-nas como se o silêncio fosse mais difícil de suportar do que a conversa.
Pessoalmente, não tenho dificuldades em gerir o silêncio e sou adepta de não dizer nada, se não tenho nada para dizer ou vontade de o fazer. Na maior parte dos casos, sei que se respondesse com mais do que «pois» à maior parte das coisas que ouço, geraria debates que não me apetecem com pessoas que creio não terem a capacidade de os sustentar. Estou a ser má? Talvez. Mas não estou a falhar por muito neste retrato da realidade.

Resta-me aferir se neste meu pois-ismo há mais de diplomacia ou de cobardia e comodismo.

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