29 dezembro 2008

Impossíveis

- E assim estão as coisas, velho Kurt. Não fui capaz de cumprir a tua exigência. Não será feliz comigo nem eu serei feliz com ela. Há umas horas bebi dos seus lábios pela última vez e as palavras de amor não resistiram ao furacão da razão. Disse-lhe adeus e mordi a alma. Para não trair a vida, traí o amor e não me sinto orgulhoso do feito. Não sei o que será dela nem o que será de mim. Ignoro se a sua dor tornará a minha mais insuportável, ou se a minha será o sacrifício para que a sua cesse. Não conheço os ventos que varrem as derrotas, nem de onde sopram, nem se os quero esperar de asas abertas. Sinto muito, velho Kurt, fujo, sem rumo nem leme, fujo. Talvez amanhã diga que finalmente a esqueci, até que os seus olhos brilhem no fundo de um copo. Talvez erga a minha casa noutras terras, até que o mar me sussure a textura dos seus lábios. Talvez acenda a lareira, convoque a minha gente e as sombras daqueles que amo me recordem a sua ausência. Mas resta-me um consolo que me une ao teu destino: a certeza de que só tu e eu temos direito de brindar por ela. Saúde! Prosit, camarada!


Luís Sepúlveda, in «A Ilha», A Lâmpada de Aladino

o amor e piu piu piu

- Eu gosto de ti, tu és especial. O amor é lindo e piu, piu, piu.
- «Piu» faz a águia Vitória, quando o Benfica perde: agora agora quer-se iniciativa, porque falar é fácil.

o verdadeiro desafio

Falar é fácil.
Sentir, também é.
Já fazer...

Que se chegue à frente aquele que nunca teve medo de se atirar de cabeça.

Back

Borbie is back :) regressei ontem de Manchester, onde passei as festas. Foi bom para carregar baterias, respirar novos ares, provar sabores diferentes, desafiar os meus medos e limitações, pensar na vida e procurar rumos alternativos.
É hora de tirar a bússola da carteira e tirar azimutes para outras freguesias. E isto nem vem só a propósito da habitual catarse para que as viagens me servem ou do Ano Novo. Quero viver intensamente. Até prova em contrário, só temos esta vida, correcto?

Outro ângulo



Toda a gente queria tirar fotografias de frente para a estátua destes três mecos, à frente de Old Trafford.

Porque não mudar de ângulo?

12 dezembro 2008

645

Para o Cláudio, que me faz uma falta doida. PARABÉNS!



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The Gift - 645
Want to tell you that I love you because I really do.
Want to give you the answers if you ask me to.
Want to leave your door for the last time,
Want to leave the floor for the first time.
Leave the boys, leave the girls, leave it all behind…
Trust your dreams, your thoughts it’s a matter of time.
Run right, run left just don’t look back…
Take this trip as your first step.
Because the tears that we waste only make us blow,
Why we keep in Repeat this Antony song “forgive me, forgive me”
Hey, you know I need you there
You know why I tried to be simple, I tried a lie…
Everything is perfect from there, and you know I need you there.
Why don't we try and break all the rules, forget the lies
Everything is perfect from there, and you know I need you there.

11 dezembro 2008

Onda


Caranguejo que dorme... a onda leva!
(esta é uma sábia frase do meu Estimado)

09 dezembro 2008

quem quer casar com a carochinha?



Tendo terminado há pouco tempo um namoro, ainda não tinha contado nada à Pequena Princesa. Com o seu olho de lince e a sua capacidade de nos desarmar, eis que ela perguntou a uma das outras irmãs o que era feito desse personagem. A minha irmã explicou que terminámos a relação. Pergunta a Princesa, algo preocupada: 
- Então e agora com quem é que a mana Borbie vai casar?

à primeira vista




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Daniela Mercury - À Primeira Vista

Esta canção está na minha vida há anos. Foi ela que me despertou a curiosidade para o Salif Keita. Ouvi-a há dias, num jantar de Natal, onde cantarolei a maior parte do tempo, em simultâneo com o músico da sala. Muito boa. 

04 dezembro 2008

Do Diário de Marilú

Marilú ouviu dizer que o maior sinal de sanidade mental é questionar essa mesma sanidade, sem se deixar abater pelos desafios que a vida lhe coloca. Nos últimos tempos, dá por si a questionar a sua, com muito mais frequência do que é habitual. Imagina-se padecendo de Distúrbio de Personalidade Múltipla, em versão cómico-trágica, oscilando entre três ou quatro versões de si, qual delas a mais detestável. Todas têm franja recta. O cabelinho liso é opcional, a sombra azul clara, não.
  • Marilú A: 45 anos, dois divórcios em cima e um cãozinho irritante com ladrar agudo, profundamente cínica e desencantada, mas hilariantemente seca e directa nas análises e nos comentários que faz. Engraçada num registo inteligente e mordaz, com um piquinho de azedume, esta personalidade acaba por ter o condão de atrair mais pessoas para a sua beira, convencidas de terem encontrado uma fonte de boa disposição.

  • Marilú B: católica militante, acredita que Deus só coloca no cesto de cada um aquilo que ele consegue carregar, nem mais, nem menos. Entenda-se o cesto como uma metáfora dos ombros de cada um, onde repousam, com sorte, a cabeça e, dentro dela, alguma massa cinzenta. Esta persigna-se sempre que vê um casal aos beijos e diz muitas vezes «Ai Jesus!»,«Valha-nos Nossa Senhora!» e «Benza-te Deus, riquinho!». Gosta de igrejas, lingerie e meias de rede (sim, porque há uma maluca em cada beata!).

  • Marilú C: bipolar, optimista-pessimista, com o registo «pior do que está não fica; tudo o que vier a acontecer de agora em diante é bónus», sendo que o Inferno tem vários níveis, todos eles a descer, e esta personagem está a conhecê-los a palmo. Quando consegue, ri-se da desgraça, enfrentando cada pequeno drama como se de uma de lição de vida se tratasse. Tem dias em que mergulha alegremente na lama, de pazinha em punho, para chafurdar a granel, procurando motivos que justifiquem o céu caído na sua cabeça. Diz que a lama faz bem à pele.

  • Marilú D: ou «frankly my dear, i don't give a damn». Caia ao céu à vontade, não está nem aí. Com jeitinho, esta persona ainda consegue desviar-se para o canto no exacto momento em que o o céu desaba. É ponderada o suficiente para perceber que só pode resolver uma coisa e cada vez e agenda os problemas por ordem de prioridade, mesmo que isso signifique deixar coisas penduradas. Importante mesmo, é ter bolachas com chocolate para o lanche e dormir bem à noite.

No fundo, no fundo, o que Marilú precisa é de um corte de cabelo decente, que a traga de rajada para o séc. XXI. Ou de uns shots de vodka. Diz que ajuda.

Do fundo do baú


 

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Encontrei este vídeo no site do Público, numa notícia intitulada Monges do templo de Shaolin rendem-se à economia de mercado. Pouco conheço dos monges de Shaolin, e nem me lembro muito da série Os jovens heróis de Shaolin: lembro-me é da canção do genérico, que gostava de cantarolar, mesmo sem saber ao certo o que significavam os sons que produzia :)

03 dezembro 2008

Donna Maria 4




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Donna Maria - Há amores assim

Há amores assim
Que nunca têm início
Muito menos têm fim
Na esquina de uma rua
Ou num banco de jardim
Quando menos esperamos
Há amores assim


Não demores tanto assim
Enquanto espero o céu azul
Cai a chuva sobre mim
Não me importo com mais nada
Se és direito ou o avesso
Se tu fores o meu final
Eu serei o teu começo

Não vou ganhar
Nem perder
Nem me lamentar
Estou pronta a saltar
De cabeça contra o mar

Não vou medir
Nem julgar
Eu quero arriscar
Tenho encontro marcado
Sem tempo nem lugar

Je t’aime je t'adore
Um amor nunca se escolhe
Mas sei que vais reparar em mim
Yo te quiero tanto
E converso com o meu santo
Eu rezo e até peço em latim

Quando te encontrar sei que tudo se iluminará
Reconhecerei em ti meu amor, a minha eternidade
É que na verdade a saudade já me invade
Mesmo antes de te alcançar
É a sede que me mata
Ao sentir o rio abraçar o mar

Sem lágrima caída
Sou dona da minha vida
Sem nada mais nada
De bem com a vida

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Não ouvia esta canção há muito tempo. Hoje calhou-me no ouvido, em pleno autocarro, entalada entre a Nini do Paulo de Carvalho e outra coisa qualquer.

02 dezembro 2008

Madrid


As minhas viagens têm, invariavelmente, uma componente de catarse e outra de recomeço. Os novos ares são remédio santo para dores de vária ordem, que variam entre o tédio pela mesmice, o choque das mudanças inesperadas e o coração partido pela perda de alguém de quem gosto muito. Estes ares verdadeiramente medicinais, mesmo quando não curam, ajudam e muito.
Borbie, Ladyboo e British Cashew foram a Madrid! Entre muita palhaçada, comer até estourar, frio de rachar, chocolate quente e churros, andar até cair, fazer compras à maluca, regalar as vistas em museus, perder a cabeça, regatear, a viagem deu para tudo.
A fotografia da Praça de Cibeles tem uma luz linda, a que o blog não fará toda a justiça, e é minha.